ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Francisco Sérgio Moreira, montador |
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Autor | Elianne Ivo Barroso |
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Resumo Expandido | O objetivo deste estudo é compreender a trajetória de Francisco Sérgio de Magalhães Moreira (1950-2016) enquanto montador e buscar correlações de estilo entre os títulos editados por ele, assim como sua atuação na preservação e restauração de filmes. Como bem observou Autran (In: Catálogo “A montagem no cinema”, 2006), Chico Moreira - como era conhecido - faz parte da mesma geração de Eduardo Escorel, Luiz Carlos Saldanha e Manfredo Caldas que, nas décadas de 1970 e 1980, buscaram “(…) abandonar o tom pesadamente expositivo [da montagem de documentário]” e se dedicaram a contar a história do Brasil a partir dos acervos existentes e conservados. A história do cinema brasileiro é, muitas vezes, contada a partir do ponto de vista da realização fílmica. Provavelmente influenciada pelo autorismo francês ou americano que destaca sobremaneira o diretor dos filmes. Stam (2003) revisa esta postura no caso da crítica e da teoria mas que se aplicaria também a história do cinema: “O autorismo foi ainda acusado de menosprezar a natureza coletiva da produção cinematográfica” (p.109). Talvez por esta razão muitos técnicos se tornam invisíveis e desfarçam o lado criativo e decisivo de suas funções. Neste sentido, destaca-se o trabalho de Schettino (2007) que recupera a memória de vários profissionais do cinema brasileiro apontando para a fragilidade das condições de produção no país e, de certa maneira, demonstra a originalidade e persistência dos técnicos locais. Assim é importante estudar o perfil de montadores com o intuito de perceber suas características e verificar se há um estilo de montagem que prevalece nos filmes que escolheu editar. Chico Moreira, desde de muito jovem, foi cinéfilo e se apaixonou pela fotografia still e não a toa deixou um acervo impressionante de câmeras e acessórios ao falecer. Entrou no Curso de Cinema da UFF em 1973 e obviamente buscou experiência como câmera em alguns filmes universitários como "Universidade Federal Fluminense" (1976, de Sérgio Santeiro). Entretanto Chico logo abandonou o set de filmagem e preferiu a tranquilidade da sala de montagem. Ainda na faculdade, ele fez parte da equipe dos programas "Coisas Nossas" e "Cinemateca", produzidos pelo SRTV (Setor de Rádio e Televisão) da Embrafilme e veiculados na antiga TVE. Eram programas regulares sobre cinema brasileiro, nos quais Chico Moreira era montador das “cabeças” de apresentação. Ali conheceu Silvio Tendler que o convidou para montar seu primeiro longa metragem, "Os anos JK" (1980). Além da montagem, neste primeiro filme, Chico assinou a assistência de direção e a pesquisa de imagem. A partir desta colaboração, ele trabalhou em outros três longas de Silvio Tendler: “O mundo mágico dos Trapalhões” (1981), “Jango” (1984) e “Castro Alves” (1999). “A atração que podemos sentir por um diretor é primordial na nossa escolha. Seu filme é para mim ou não? Tenho a predisposição de espírito, o estilo, o gosto?” (p. 12), comenta Boisson (2005) ao relatar sua experiência como montadora. Outras parcerias foram então estabelecidas por Chico Moreira. A destacar com os diretores Sylvio Back e Ivan Cardoso. Montou diversos curtas metragens de diretores de vários cantos do Brasil: Antonio Moreno (“O olho amarelo do Tigre”, 1988), Werner Schunemann (“Me beija”, 1984); Manfredo Caldas (“Nau Catarineta”, 1987), Marcos Mendes (“O vidreiro”, 1997), Marcio Câmara e Danielle Elery (“Identidades em trânsito”, 2007). Embora tenha editado filmes de ficção e animação, Chico se notabiliza principalmente como montador de documentários. Paralelamente ele se dedica à preservação de filmes e trabalha durante 20 anos na Cinemateca do MAM/RJ e, em seguida, é convidado a criar um setor de restauração de matrizes na LaboCine do Brasil, Rio de Janeiro, onde foi responsável por inúmeros restauros de filmes. |
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Bibliografia | BARROSO, E. “Trajetória Chico Moreira” In.: Catálogo Cineop. 11ª Mostra de |