ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Produção de presença nos filmes sobre periferias de Carlos Reichenbach |
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Autor | Geovany Hércules Mendes Limão |
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Resumo Expandido | A representação da periferia é um dos grandes focos de interesse do cinema brasileiro. Geralmente entende-se que o termo periferia se refere às áreas ao redor de um centro urbano e muita das vezes ele é empregado para se referir às favelas ou comunidades que ocupam esse espaço. É comum também carregarem o sentido do termo de negatividade por causa da notória desigualdade entre as áreas periféricas de uma cidade em comparação ao seu centro, a precariedade da infraestrutura urbana somada à carência de educação, saúde, segurança, cultura e opções de lazer, revelam o contraste das regiões periféricas em relação aos bairros nobres (DOMINGUES 1995, p. 5). Muito do olhar que o cinema brasileiro lançou para esse universo a partir do século XX, e principalmente XXI, oscilou entre visões criminalizadas, marginalizadas, românticas e paternalistas da periferia, várias delas bem-intencionadas, no entanto com problemas e ressalvas. Grande parte dessas representações espelham mais o imaginário daqueles que as produzem, deixando de representar a grande maioria das pessoas que vivem nesses espaços que, mesmo inseridos numa realidade mais adversa, enfrentam essas dificuldades e buscam viver com dignidade, não sendo apenas marginais, criminosas ou coitadinhas, mas pessoas como todas as outras, trabalhadores e estudantes. É nesse último aspecto que Carlos Reichenbach constrói sua visão. Diretor plural e anárquico, Carlos Reichenbach (1945-2012) possui um estilo idiossincrático marcado tanto pela despretensão quanto pela elegância. Leitor e cinéfilo voraz, os seus filmes são marcados tanto por citações filosóficas e literárias quanto por referências cinematográficas. O seu cinema é um cinema de extremos e paradoxos, sua linguagem subversiva mistura o erudito e o popular, a poesia e o deboche. A sua trajetória, que se inicia no fim dos anos 60, perpassa por diversos momentos importantes da história do cinema brasileiro, como Cinema Marginal, Boca do Lixo, Embrafilme, Retomada e Contemporaneidade. O seu cinema contrabandista trabalhou com gêneros diferentes em busca de subvertê-los para construir um cinema pessoal e autoral. Influenciado também pelo cinema do italiano Valério Zurlini e dos japoneses, Shohei Imamura e Yasuzo Masamura, outra de suas preocupações é o trabalho com o cinema da alma (LYRA 2004, p. 26), cinema constituído pelos afetos e que trabalha com os sentimentos humanos, originando filmes sensíveis e pungentes. Dentre os muitos temas que lhe são caros, como utopia, anarquia, paraíso, subversão, erotismo, amores impossíveis, personagens ambíguos, encontra-se também a figura do outro e as periferias. Em filmes diferentes nas suas propostas e nos seus temas, como Lilian M – Relatório Confidencial, Sonhos de Vida (curta, 1979), Amor, Palavra Prostituta, As Safadas (episódio inicial A Rainha do Flipper, 1982), City Life (episódio Desordem em Progresso, 1990) e Alma Corsária (1994), temos protagonistas femininas ou masculinas e personagens coadjuvantes pertencentes às camadas populares e o que se percebe nessa representação é um tratamento humanista, conforme vamos definir no decorrer desse trabalho, que não julga ou determina claramente seus personagens, permitindo ao espectador, antes de tudo, vê-los, quem sabe, ter empatia, o que entendemos por “olhar de afeto”. No levantamento da sua obra observamos que esse olhar de afeto se estende também a seus filmes que abordam o universo periférico pela perspectiva de suas protagonistas femininas. Dessa forma, o objetivo desse artigo é mostrar como a trajetória de vida de Carlos Reichenbach em São Paulo e sua formação cultural, principalmente cinéfila, foram determinantes na construção de sua representação humana e afetiva das periferias no seu cinema, para isso recorremos aos conceitos de Hans Ulrich Gumbrecht, como produção de presença (GUMBRECHT 2010, p. 13), stimmung (GUMBRECHT 2014, pp.12; 17-20) e acoplagem (GUMBRECHT 1998, pp. 148-149). |
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Bibliografia | DOMINGUES, Álvaro. (Sub) úrbios e (sub) urbanos – o mal estar da periferia ou a |