ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | O céu reluzente e ressoante: o brega de Hermila |
|
Autor | Iasha Nur Oliveira Salerno |
|
Resumo Expandido | A presente comunicação é parte da dissertação de mestrado intitulada “Trajetórias femininas musicadas pelo brega: Análise dos filmes O Céu de Suely (2006) de Karim Ainouz e Amor, Plástico e Barulho (2015) de Renata Pinheiro”, atualmente em fase de desenvolvimento. Neste recorte iremos abordar o início das investigações acerca do diálogo que se estabelece entre o uso das canções bregas e o universo da protagonista Hermila, em O Céu de Suely. Em consonância com os estudos musicais no cinema que clamam por análises musicais que levem em consideração a interação com a cultura e o mercado, nos propomos a não só entender os efeitos das canções dentro da narrativa fílmica, mas que mecanismos e estratégias são utilizadas nas composições e que camadas de significados são agregadas ao filme a partir dos caminhos que elas fazem antes, durante e após o encontro com o cinema. Assim, a partir da análise de sequências e canções específicas buscamos entender o que é a música brega e como a canção brega presente no filme nos é apresentada, quais os seus aspectos estéticos e musicais e de que maneira se dá o diálogo entre as características históricas e mercadológicas desse segmento musical e o seu uso dentro da esfera fílmica. Além dessa primeira aproximação, passamos a observar também os aspectos sociológicos que atravessam a música brega. Não só as marcas de classe e a valoração negativa que historicamente recebeu, mas também o encontro entre amor, práticas românticas e o mercado. Adentrando o campo da sociologia do amor, utilizamos como principal referência a socióloga Eva Illouz (2009). A partir da trajetória traçada pela autora, é possível situar historicamente a recorrência do amor em produtos que circulam pela cultura e entender que essa recorrência não está livre de questões econômicas e políticas. O amor narrado, encenado e cantado alimenta mercados e ao mesmo tempo que molda, é moldado pela interação que vai se estabelecendo entre as pessoas e esses mesmos mercados. Compreender o popular ligado à expressão dos sentimentos, e não ao retraimento, como coloca Barbero (2007), também nos dá dicas para entender a explicitação de condutas amorosas e sexuais próprias das temáticas bregas. Dando sequência às investigações, analisaremos, então, de que maneira essas questões sociológicas, próprias ao segmento musical, aparecem no filme. A personagem deixa transparecer algum ideal de amor ou vida romântica? Se sim, de que forma ele é explorado pelas canções que acompanham a narrativa? Qual o papel dessas canções na apresentação da protagonista? Como se dá essa apresentação? Como é construido o diálogo entre essas canções e o existir feminino de Hermila? Há contradições entre as canções utilizadas e a sua personalidade? Quais as tensões e potências que podem ser extraídas dessas contradições? Estas questões, em conjunto com a análise de sequências específicas do filme, serão discutidas a partir de duas chaves, a da análise musical, seguindo, principalmente, os paradigmas colocados por Jeff Smith (1998) e Anahid Kassabian (2001) e a dos estudos feministas, como os de Teresa de Laurentis (1987) e Judith Butler (2003). É, portanto, nosso intuito, levantar questões e encontrar possíveis caminhos de interpretação para a relação que se estabelece entre a trilha musical e a protagonista do filme, ou seja, de que forma e em que medida a canção brega dialoga e constrói o universo de Hermila. |
|
Bibliografia | ARAÚJO, Paulo César. Eu não sou cachorro não: Música Popular Cafona e Indústria Cultural. Rio de Janeiro: Record, 2005, 5ª ed. |