ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | O sexo contra os dogmas na simpatia da bitola superoitista de JMB. |
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Autor | Emilia Santos |
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Resumo Expandido | Observando pelo filtro dos filmes Vivencial I (1974), Toques (1975), Esses moços pobres moços ricos moços (1975) e Jogos Frugais Frutais (1979), realizados por Jomard Muniz de Britto (JMB) em sua maioria contando com a parceria do grupo de teatro Vivencial Diversiones em Olinda-PE, nota-se que as proposições estético-políticas existentes na mise-en-scène geram radicalidades que chacoalham concomitantemente as hegemonias cinematográficas, os corpos, as mentes, as linguagens artísticas e as bitolas nos famigerados anos 70, sugerindo novas formas de representações de um “jeito de corpo” que hoje podemos entender por queer. Aproveitando esteticamente da “precariedade” do super-8 para produzir um vasto e impuro material fílmico, revisitando os horizontes da intertextualidade cinematográfica e suas rupturas entre fronteiras, o superoitismo em sua mise-en-scène provocava novos olhares para os grandes dilemas da intelectualidade trazidos pelo Cinema Novo, cunhados por Glauber como a estética da fome, que se reverberam e se ramificam com o cinema Marginal, e que exaltados pelos realizadores superoitistas buscam o alargamento destas problemáticas propondo temas como novas sexualidades, corporalidades, drogas e a decadência da moral burguesa. Estes questionamentos contra a moral e os “bons costumes” aparecem nas obras supracitadas revelando uma enorme potência para se pensar as relações de gênero e sexualidade dissidente em Pernambuco da década de 70, perguntamo-nos de que forma se desenvolve essa multiplicidade de linguagens e estética? Como se constrói essa batalha simbólica? De que forma se contrapõem ao modelo hegemônico do mercado e da indústria cultural em Pernambuco nos anos 70? De qual forma enfrentam os códigos e os comportamentos conservadores no Nordeste? Como podemos pensar em um prelúdio queer em Pernambuco? Esses questionamentos nos incitam a pensar nos filmes sobre sua forma, seus signos e códigos suscitando uma análise formal, textual e semiológica buscando as rupturas com os cânones cinematográficos e em seus contextos político-sociais, partindo das reflexões sobre os estudos culturais, os estudos subalternos, as relações trazidas por Foucault e problematizadas por Judith Butler e Paul Preciato. Buscamos nas pesquisas de Teresa de Lauretis relações sobre o impacto causado na autoimagem provocado pelo cinema, nos auxiliando a refletir sobre as radicalidades propostas nas obras de JMB, relembrando o que Susan Stong propõe em sua obra Contra a Interpretação (1996) que: no lugar de uma hermenêutica, precisamos de uma erótica da arte. (Ibid. p. 39). Dessa forma, a finalidade de entender como o corpus da pesquisa participa da preservação, na contemporaneidade, de um poder, tal como Foucault o analisa, que produz discursos de verdade pelos quais “somos julgados, condenados, classificados, obrigados a tarefas, destinados a uma certa maneira de viver ou a uma certa maneira de morrer, em função de discursos verdadeiros que trazem consigo efeitos específicos de poder” (FOUCAULT, 2008,p.180). Através de análise fílmica das obras supracitadas busca-se refletir sobre os signos, códigos que rompem com os cânones cinematográficos e com as representações normativas dentro do “cinema experimental” “pós-tropicalista” superoitista brasileiro. |
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Bibliografia | BESSA, Karla, “Um teto por si mesma”: multidimensões da imagem-som sob uma perspectiva feminista-queer”, ArtCultura, Uberlândia, 2015. |