ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | A experiência pioneira de Rita Moreira |
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Autor | Lívia Perez de Paula |
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Resumo Expandido | No fim da década de 1970 as ‘minorias’ sociais no Brasil iniciaram lutas para ampliar a noção de direitos políticos e cidadania para além das fronteiras tradicionais atendidas pela política convencional. O clima social e político experimentado face à ditadura militar brasileira (1964-1985) ajudou a delinear diferentes experiências. O impacto dessas experiências - ora no exílio, ora face à repressão - na geração que esteve empenhada na luta por direitos dos grupos sociais minoritários no anos 1980 recupera impressões a partir dos anos 1960, tecendo referências à contestação cultural vivida tanto no exterior, quanto no Brasil pela aproximação dos círculos culturais. Neste panorama a militância política se expande contemplando temáticas para além das clássicas questões da esquerda, ou seja, temas do indivíduo e de costumes. É o momento histórico no qual surgem organizações e grupos interessados em renovar o sistema social e político do país. Aos poucos os coletivos e grupos se organizam, criando espaços de resistência, sobrevivendo com princípios diferentes daqueles aplicados na sociedade brasileira patriarcal. No mesmo período, a popularização do vídeo permitiu o acesso aos meios de produção audiovisual a grupos e pessoas interessados nas questões ditas ‘minoritárias’. Com o vídeo, realizadores que vinham ensaiando formas alternativas desde o 16 mm, estabelecem uma produção mais econômica e portanto mais independente. Neste contexto são criados coletivos feministas de vídeo como o Comulher e o Lilith Video, espaços simbólicos nos quais a experiência do vídeo conjugou-se à resistência cultural e estética de representações. Ainda, alguns realizadores insólitos trabalharão em consonância com movimentos populares em suas obras. Rita Moreira, escritora, poeta, editora e cineasta é uma destas realizadoras com o diferencial de que ela mesma teve a experiência da efervescência cultural nos Estados Unidos desde os anos 1970, onde iniciou sua carreira. Ela integra a geração pioneira do vídeo independente no Brasil, formando-se em vídeo-documentário pela New School for Social Research, em Nova York, no começo dos anos 1970, período no qual foi correspondente do semanário Opinião. Com Norma Bahia Pontes dirigiu quase vinte filmes concentrando sua abordagem em quatro áreas de interesse: feminismo, homossexualidade, ecologia e movimentos identitários. Seus documentários como ‘Temporada de Caça’, ‘She has beard’, ‘Lesbian Mothers’, ‘As Sibilas’, ‘A Dama do Pacaembu’, entre outros foram exibidos e premiados em festivais nacionais e internacionais. São filmes que tencionam os limites entre o documentário clássico e a videoarte, lançando luz sobre porções da sociedade geralmente colocadas à margem nos grandes centros urbanos. O estudo propõe-se a apresentar sua filmagrafia e observar a forma como as questões das minorias sociais, em suas obras, perpassam a militância não sendo por elas comprimidas nem encerradas num modelo de filme militante autoritário e panfletário. Recorrendo à análise de alguns de seus curtas-metragens, esta reflexão identifica os elementos estéticos de sua obra entendendo que a abordagem da autora propõe uma linguagem do vídeo ressignificada fora de sua expressão industrial hegemônica mais conhecida. |
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Bibliografia | BOYLE. D. Subject to change: Guerilla Television Revisited. Nova Iorque: Oxford University Press, 1997 |