ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Envolvimentos, redutos e indisciplinas no presente |
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Autor | VINICIOS KABRAL RIBEIRO |
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Resumo Expandido | Esta proposta de comunicação é uma divulgação preliminar da pesquisa “Formas de habitar o presente: políticas de localização de corpos e saberes nas artes e nas imagens”, em desenvolvimento no Departamento de História e Teoria da Arte, da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É, também, uma mirada à minha pesquisa de doutoramento intitulada “Vida-lazer : respostas sensíveis do cinema brasileiro ao espírito do tempo”, cujo propósito é perceber os modos e maneiras que as poéticas visuais imanentes de uma certa vertente cinematográfica contemporânea brasileira se atentavam para as vidas comuns, suas agências e perspectivas de futuridades. Os filmes que pesquisei cruzaram a minha trajetória de doutoramento num momento em que ao mesmo tempo eu buscava compreender as relações de pertencimento contemporâneas e novas formas de vinculação, assim como a possibilidade de estar juntos na diferença. As maneiras que os corpos nomeados como precários, circundando às margens, se reinventavam e se reconstruíam. No campo da ficção audiovisual, investiguei essas formas de estar juntos, a construção de redes de solidariedade e maneiras de partilhar afetos. Interessava-me as reflexões e pensamentos sobre o futuro num contexto sociopolítico silenciador e que esfumaçava a possibilidade do vir a ser ou do amanhã como algo que não se concretizará ou chegará. O futuro era entendido como pequenas utopias que engendravam a vida-lazer dessas personagens. Todavia, o que percebo é uma inevitabilidade de lançar meus esforços investigativos no agora, nas indisciplinas e nas insubordinações de uma globalização como fábula e perversidade (Santos, 1999). Na urgências de desaprender e desmontar as novas caravelas coloniais (Mombaça, 2016), para superar as estratégias dos cálculos da morte e da necropolítica (Preciado, 2014). Um mapeamento afetivo, vital e pendular para acompanhar os movimentos de artistas visuais e cineastas que são atravessados por marcadores sociais da diferença (Brah, 2006). Artistas pesquisadores como Jota Mombaça, Michelle Mattiuzzi E Sarah/Elton Panamby, por exemplo, fissuram as estruturas e os territórios tradicionais, implodindo através de falas, experimentos e redes artísticas as narrativas que marcaram seus corpos, interditavam seus discursos e a possibilidade de reelaborararem suas próprias epistemologias. Assim como Leona vingativa e MC Loma, ao nos ensinar que “no meio da malandragem, eu vou pra boate (ain), vou pro reduto (oh) e pra aparelhagem (arrai)” e que “escama só de peixe, cebruthius”. O quadro teórico está alinhado com o chamado movimento pós-estruturalista e decolonial, mas não se limita a esse guarda-chuva teórico. Em linhas gerais, o interesse maior é na produção de saberes disruptivos, insurgentes, rebeldes e que confrontam as noções e narrativas coloniais estruturantes da sociedade brasileira. Para tal esforço é necessário entender como os sujeitos constituem redes epistêmicas, artísticas, coletivas e de sobrevivência. Como o espaço acadêmico é convocado, ocupado e reposicionado dentro dessas redes. Mais ainda, como habitar a própria universidade, de maneira a resistir contra os constantes cortes de orçamento, difamação do serviço público e descaso histórico com a arte e a educação. Como enfrentar e resistir aos micro e macro fascismos que nos interpelam cotidianamente. Como criar pontes, linhas e contágios entre a arte, a universidade e a vida? As metodologias e teorias são amorosas e levam em consideração as suas possibilidades de cura e libertação (hooks, 2011): o experimento, a indisciplina e as zonas de contágio comporão estratégias metodológicas em constantes reinvenções. Como propõe Grada Kilomba (2016), aqui está o exercício de fazer novas perguntas e uma delas é “de que formas podemos habitar o presente?”. |
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Bibliografia | Brah, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. cadernos pagu (26), janeiro-junho de 2006: pp.329-376. |