ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | (Des)Construindo a função do pesquisador na Teoria dos Cineastas |
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Autor | Marcelo Carvalho da Silva |
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Resumo Expandido | Esta proposta tem como objetivo geral pensar a função do pesquisador de cinema no contexto da abordagem Teoria dos Cineastas. Para tanto, partiremos da obra fílmica e textual do cineasta e semiólogo Pier Paolo Pasolini, tendo como intuito refletir sobre os procedimentos acionados pela própria práxis de uma pesquisa sobre um cineasta específico. Propomo-nos apresentar como resultado desta pesquisa algumas considerações sobre a figura do pesquisador, pondo em evidência o(s) método(s) e o(s) procedimento(s) utilizado(s) pelo pesquisador no contexto da abordagem Teoria dos Cineastas, verificando onde foram e onde não foram bem sucedidos, perfazendo uma leitura “de segunda instância” sobre a aproximação realizada sobre os filmes e os textos pasolinianos. Pasolini foi um cineasta com importante produção teórica escrita. Seus mais relevantes textos, produzidos entre 1965 e 1971 numa atmosfera de debate com os semiólogos da época, foram publicados na coletânea Empirismo herege. A base de constituição de seu pensamento foi a semiologia, com a qual exprimia um pensamento radical sobre o cinema, levando para este domínio a dupla articulação (da língua), propondo uma semiologia geral da realidade constituída pelo cinema, ou ainda, afirmando que “expressando-me através da língua do cinema (...) permaneço sempre no âmbito da realidade” (PASOLINI, 1982: 187). Abordamos anteriormente estas e outras questões levantadas nos textos de Pasolini em um artigo publicado no primeiro volume do livro Teoria dos cineastas (Ver, ouvir e ler os cineastas). A proposta deste artigo foi a de reorganizar em um percurso coerente as proposições que o cineasta desenvolveu em vários textos escritos no calor da hora, suprimindo as lacunas deixadas por Pasolini e/ou aquelas que a própria pesquisa produzia. O esforço de recuperação das matrizes teóricas que sustentavam a argumentação de Pasolini era conjugado pela própria visão do pesquisador em questão sobre as relações entre a matéria e a imagem. Assim, esta proposta de comunicação parte, em um primeiro momento, da experiência acumulada pela pesquisa supracitada com os textos de Pasolini, revisitando crítica e distanciadamente os métodos e procedimentos utilizados naquela ocasião. Em um segundo momento, pretendemos investir esforços sobre alguns dos principais filmes de Pasolini. Para além das considerações sobre prováveis evidências de um discurso teórico subjacente a esses filmes, e não sendo nosso intuito fazer verificações comparativas entre o que o cineasta escreveu e o que ele filmou, interessa-nos notadamente problematizar a função do pesquisador e os métodos e processos utilizados neste novo exercício, cotejando-os com o pensamento crítico sobre o trabalho com os textos do cineasta. Algumas questões preliminares. Quais as implicações (limites e potencialidades) para o pesquisador que adota a abordagem Teoria dos Cineastas em não ser um “compilador de enunciados” de cineastas? Sobre quais bases a “parceria” pesquisador/cineasta poderia se constituir: coautoria, investigador/fonte de pesquisa, pensador/personagem conceitual (como na figura do “Sócrates” de Platão), etc.? O que estaria em jogo na relação entre (1) as ideias dos cineastas (escritas ou expressas nos filmes), (2) o pesquisador e (3) a(s) linha(s) teórica(s) que este pesquisador adota? Quais os atritos, torções e/ou complementariedades entre estas três dimensões? Enfim, quais as diferenças na postura do pesquisador (se elas existem) entre ter como fonte textos escritos ou filmes? Entre os filmes a serem pesquisados, estão: Accattone (1961); Mamma Roma (1962); O evangelho segundo São Mateus (Il vangelo secondo Matteo, 1964); Édipo rei (Edipo re, 1967); Teorema (1968); Medeia (Medea, 1969); Pocilga (Porcile, 1969); Decameron (Il decameron, 1971); Os contos de Canterbury (I raconti di Canterbury, 1972); As mil e uma noites (Il fiore delle Mille e uma notte, 1974); e Saló ou os 120 dias de Sodoma (Saló o le 120 giornate di Sodoma, 1975). |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. “Pode um filme ser um ato de teoria?” In: Revista Educação e Realidade, 2008, nº 33, jan/jun pp 21-34. |