ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Mutações do gênero faroeste nos anos 1960 |
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Autor | Francisco Etruri Parente |
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Resumo Expandido | O faroeste que nas décadas de 1940 e 1950 foi utilizado por Hollywood para construir a identidade do povo norte-americano, como aqueles que venceram a barbárie e selvageria do Oeste e conseguiram construir sua civilização, entra em crise na década de 1960 devido à saturação da linguagem e narrativa deste estilo de filme que fazia sucesso nos cinemas desde o início da década de 1940; às séries baratas de televisão, que podiam proporcionar um entretenimento a altura dos westerns e a crise do heroísmo de fronteira devido a guerra do Vietnã, que afastava os jovens desse tipo de conteúdo. Esta crise abriu espaço para que novas releituras do gênero ganhassem visibilidade. No japão da década de 1950, Akira Kurosawa vinha ressuscitando os filmes Jidaigeki (samurai) da década de 1930 a partir de uma abordagem mais americanizada, principalmente inspirada por John Ford, seguindo este caminho em 1961 o diretor japonês lança o filme Yojimbo, contando a história de um ronin (samurai sem mestre ou clã) que ao chegar em uma pequena cidade, dividida entre duas facções criminosas, decide combater os mal feitores e liberta-la de tal situação. Kurosawa usa da adaptação do western para construir uma obra que discute valores morais que transcendem barreiras nacionais e usa de uma estética que é mais próxima do público médio internacional, por terem um repertório prévio da linguagem do faroeste que circulava nos cinemas de todo o mundo. Com o sucesso internacional do filme japonês, Sergio Leone adaptou a obra para o filme Per un pugno di dollari (Por Um Punhado de dólares, 1964), ambientado no velho oeste, o filme segue com a mesma trama, mas se pretende a um revisionismo do Faroeste, tratando a situação apresentada no filme de maneira niilista e utilizando de tecnologias novas para compor a gramática do filme. Em 1970 com o filme Os Deuses e Os Mortos, Ruy Guerra parte desta mesma narrativa para desconstruir completamente a narrativa heroica convencional e usa da dialética histórica marxista para construir o contexto da história do filme, colocando nosso protagonista como uma mero pião em um tabuleiro muito maior. Sua desconstrução também visa atacar a estética convencional dos filmes comerciais com seu cinemanovismo e assim estabelecer um confronto entre a industria de cinema internacional dos países de primeiro mundo e um cinema crítico de terceiro mundo. Partindo da contextualização acima que traçou as características do faroeste norte-americano e suas mutações sofridas nos três filmes escolhidos pela pesquisa, procuraremos solucionar a seguinte questão: Em que medida o diálogo com a tradição do faroeste hollywoodiano é mantido ou abandonado nas mutações realizadas pelos três cineastas aqui escolhidos? contribuem para a renovação do gênero? O objetivo Geral é estudar como o diálogo entre a tradição do faroeste de hollywood e as mutações feitas no gênero nas três obras, aqui selecionadas, contribuem para a renovação da linguagem cinematográfica. Minha metodologia será a comparação entre as características gerais dos filmes de faroeste das décadas de 1940 e 1950 e os três filmes selecionados pela pesquisa. Para realizar a análise estética das obras irei usar da semiótica peirciana, para a análise narrativa usarei do estruturalismo e o livro Story de Robert Mckee e para trabalhar o contexto global entre as obras irei usar das análises marxistas de Paulo Emilio Sales Gomes e Ismail Xavier. Os resultados desta pesquisa servirão para as áreas de história do cinema e teoria cinematográfica no que tange às questões do faroeste fora dos EUA na década de 1960, uma vez que esta década é marcada por movimentos revisionistas e renovadores da linguagem cinematográfica. A partir deste estudo também iremos abarcar as relações estéticas e narrativas entre o grande cinema industrial, neste trabalho representados pelos diretores Akira Kurosawa e Sergio Leone, e o cinema de guerrilha do terceiro mundo, representado pela figura de Ruy Guerra. |
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Bibliografia | RICHIE, Donald (1990). Japanese Cinema – An Introduction. Oxford University Press. |