ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | A montagem para (re)construir, (re)encenar e (re)escrever a memória. |
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Autor | Luzileide Silva |
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Resumo Expandido | Essa análise procura observar através dos aspectos processuais da montagem como as camadas de imagens-sons são empregadas para estruturar ideias de passado, que são sugerida por meio de memórias. Normalmente, quando o cinema trata de fatos históricos reencena-os a partir da memória histórica, ou seja, da narrativa dominante; dando a entender que o passado é um fato consumado e, muitas vezes, não permitindo que sejam observadas lacunas e vazios existentes nas representações históricas. Porém, o domínio documental se apoia, comumente, na história oral para construir sua narrativa, trazendo à tona fatos que se chocam e contestam a memória histórica e as versões oficializadas de passado, assim, levantando novos questionamentos que permitem uma revisão histórica. De acordo com Thompson (1992) a história oral pode contribuir para preservação da história de um povo, pois permite a evidenciar fatos coletivos, os quais muitas vezes são negligenciados pela história oficial. No entanto, também é preciso entender que a história oral se constituí da memória, que é uma construção psíquica e intelectual, que se baseia em fragmentos do passado. As memórias individuais e coletivas vivem num permanente embate pela coexistência e também pelo status de se constituírem como memória histórica, pois é a memória histórica que tem no registro escrito, sonoro ou visual um meio fundamental de preservação e através da comunicação é perpassada para outras gerações (HALBWACHS, 1990). No entanto, a memória coletiva não é somente uma conquista, mas também um instrumento e um objeto de poder. São essas memórias que contribuem, de determinada forma, para que o passado, seus conceitos e verdades, não desapareçam. Isso ocorre pelo fato das memórias serem transmitidas através de diversos tipos de comunicação que influenciam a forma como a sociedade se estrutura. Mas é preciso atentar que todo e qualquer tipo de memória pode ser imprecisa e imperfeita, assim, tornando impossível a reconstrução do passado em sua totalidade (LE GOF, 2013). Em alguns documentários contemporâneos. o passado tem sido reapresentado a partir de memórias individuas. Porém fica a cargo da montagem estruturar as memórias para recriar ideias e fatos do passado. Os materiais de arquivo, os sons, os recursos gráficos e a imagens diretas do mundo se misturam com a memória não apenas para demonstrar o mundo, mas também para elaborar reflexões sobre ele, assim, sendo possível criar novas memórias coletivas. É a partir dessas construções que buscamos compreender como a montagem utiliza elementos imagéticos e sonoros para representar ou reconstruir memórias. Para isso observaremos os documentários Você Conhece La Conga? (2007), de Sérgio Borges, Caixa D’água Qui Lombo é esse? (2012), de Everlane Moraes e Super Frente - Super 8 (2016), de Moema Pascoini, os quais buscam, de forma diferenciada, (re)construir, (re)encenar e (re)escrever o passado a partir das memórias de seus entrevistados. |
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Bibliografia | CURSINO, Adriana; LINS, Consuelo. O tempo do olhar: arquivo em documentários de observação e autobiográficos. Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v.9, n. 17, jan/jun. 2010. |