ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Memória e identidade nos documentários de Joaquim Pedro de Andrade |
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Autor | MEIRE OLIVEIRA SILVA |
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Resumo Expandido | Esta pesquisa parte da reflexão sobre a identidade nacional a partir de três filmes de Joaquim Pedro de Andrade a fim de apreender a memória que permeou sua obra com ênfase nos documentários que a inauguram e concluem entre as realizações de ficção versando sobre diversos âmbitos da cultural brasileira - desde a popular até a erudita - tendo como palcos Minas Gerais, terra de seus familiares; e Rio de Janeiro, onde nasceu e desenvolveu sua filmografia. Entre "Garrincha, alegria do povo" (1963) e "O tempo e a Glória" (1981), decorrem quase 20 anos em que o cineasta ratifica seu interesse por um cinema traduzido pelo registro de seus colegas em "Improvisiert und Zielbewusst ou Cinema Novo" (1967), quando divulga os bastidores daquele novo cinema nacional e seus principais realizadores. Esse documentário será pautado pelas dificuldades técnicas, de veiculação dos filmes e também pela tentativa de diálogo com o público, muitas vezes, ausente das salas de projeção. Uma grande problemática a rondar o cinema brasileiro. Ressalta-se, porém, a forte tendência dessa obra em se voltar às artes brasileiras de maneira geral assim como para sua memória e preservação, seja na literatura ou no interesse de seu realizador pelo país e sua decifração, seguindo inclusive os passos de artistas do Modernismo e da geração de seu pai, Rodrigo Mello Franco de Andrade. Este, intelectual e fundador, junto a Mário de Andrade, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1937. Assim, tal inclinação da obra está vinculada a uma herança permeada pela documentação visual de símbolos caros ao país. Desde 2005, muitos desses filmes estavam quase perdidos, mas foram restaurados junto à Cinemateca Brasileira (SP), a partir de vários copiões reunidos entre Europa e Estados Unidos. Hoje todo o material está acessível ao público em DVD. E o acervo completo do cineasta pode ser encontrado na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro - uma referência nacional entre os museus para preservação e arquivamento de obras. Assim sendo, torna-se necessário marcar a influência do cineasta no cinema direto e no cinema verdade realizado no Brasil, seja devido ao contato de Joaquim Pedro de Andrade com Jean Rouch e com os irmãos Mayles, por meio da obtenção de uma bolsa de estudos nos Estados Unidos. Junto a Fundação Rockfeller, o cineasta carioca consegue a doação de um gravador Nagra III e de uma câmera Arriflex 35mm para o IPHAN. A partir de então, junto a UNESCO, na Divisão de Assuntos Culturais do Itamaraty, envolve-se em um curso de cinema dirigido pelo documentarista sueco Arne Sucksdorff, uma espécie de divisor de águas com a introdução do cinema direto no país e um avanço no registro de imagens da época. Passadas quase duas décadas de tais inovações, o médico mineiro Pedro Nava, o mais importante memorialista brasileiro, é filmado por Joaquim Pedro pelas ruas do bairro da Glória. O cineasta procura desvelar a essência do relato do escritor, que reitera suas reflexões sobre a memória no documentário O tempo e a glória, marcando inclusive seus depoimentos como escolhas a romper com a ilusão de que a literatura ligada à autobiografia traz uma narrativa verdadeira e confiável. Mostra inclusive que o livro autobiográfico é pautado sobre aquilo que se pode ou deve ser revelado. Assim, voltar ao cinema verdade, com Crônica de um verão, de Rouch e Morin, talvez sirva para estabelecer uma reflexão profícua quanto à memória na permanência das imagens, ao considerar-se que um "eu metafísico" ou ontologicamente reverberado na natureza humana, tanto no cinema quanto na literatura, pode ser escamoteado. A personagem é sempre passível de assumir uma autoencenação até para si mesma. Assim como a memória plena de lacunas, por vezes, é preenchida e filtrada por recriações fictícias. Nesse sentido, as memórias de Nava, assim como o cinema documentário de Joaquim Pedro podem ser considerados um retrato ou um projeto de Brasil e identidade nacional? |
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Bibliografia | ANDRADE, Joaquim Pedro de. Garrincha, alegria do povo. Longa-metragem/35 mm/P&B/70 min/1963. |