ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | A formação audiovisual dos educadores |
|
Autor | Rafael Romão Silva |
|
Resumo Expandido | Logo no começo do século XX o audiovisual já foi visto como um objeto do conhecimento e para o conhecimento. Só no Brasil, em 1936 já foi criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo, menos de 40 anos após a própria invenção do Cinema. Pensado enquanto uma produtora de filmes educativos e distribuidora para as escolas, foi só um dos primeiros empreendimentos que deu corpo a uma linhagem de pensamento e práticas sobre uma educação audiovisual que se estende até hoje. A expressão máxima desta tradição é a criação de duas licenciaturas no Brasil que se dedicam a pensar as relações entre educação e audiovisual: a licenciatura em Educomunicação (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2019) e a licenciatura em Cinema e Audiovisual (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, 2019). Estas duas graduações formadoras de educadoras e educadores já indicam que o pensamento sobre a Educação Audiovisual é diverso. Enxergamos quatro grandes áreas que realizam experiências e pensam a Educação em face ao Audiovisual, áreas por sua vez institucionalizadas enquanto departamentos universitários e cursos de pós-graduação. São elas: o Cinema, a Comunicação, a Arte e a Pedagogia. Embora alguns teóricos chamem a todas as suas práticas com audiovisual pelos mesmos termos, estejam próximas e muitas vezes se confundam, é possível identificar no tecido social e conceitual as suas divergências e diferenças. Uma busca pela história do pensamento brasileiro revela várias terminações que surgiram por essas áreas: comunicação educacional, mídia-educação, cinema-educação, comunicação/educação, educomunicação, educação midiática etc. Ainda, o pensamento sobre as TICS coloca essa reflexão dentro da interface telecomunicações/educação e ao lado de outras tecnologias, como a informática. A constatação desta diversidade é importante para a formação do educador, seja o próprio educador audiovisual (MACHADO, 2018) quanto o educador que agora convive com as telas. Porém ambos certamente se perdem em meio a tantas identidades. Aqui propomos o uso do termo educação audiovisual como uma forma de reconhecer essas ramificações, bem como fazê-las dialogar dentro do processo de ensino-aprendizagem. Assim, dada a importância e o tamanho de uma área tão particular ao nosso tempo, o nosso objetivo é refletir sobre como essa discussão ocorre dentro da formação de professores. Para tanto decidimos por realizar uma análise bibliográfica que alcança as graduações de Pedagogia com foco na inserção do Audiovisual dentro de cada graduação. O conjunto de documentos abordados envolve as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura (BRASIL, 2006) e os projetos políticos-pedagógicos dos dez melhores cursos de Pedagogia em universidades públicas brasileiras de acordo com o Conceito Preliminar de Curso publicado em 2017 pelo INEP vinculado ao Ministério da Educação do Brasil (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2019). A análise dos documentos ocorrerá a partir da busca por termos que indicam a possível presença da Educação Audiovisual dentro da proposta formativa, sendo eles: Cinema, Audiovisual, Filme, Comunicação, Vídeo, Educomunicação, Mídia, Tecnologia. Trata-se portanto de uma pesquisa descritiva que se desenvolve a partir de referenciais documentais. Em conclusão, a maior parte dos projetos segue as Diretrizes Curriculares Nacionais, o que está próximo apenas do Protocolo Cultural (SOARES, 2014) e na ênfase na junção entre TICS e conteúdo escolar (NAPOLITANO apud ALMEIDA, 2017). Assim avaliamos que a diversidade do pensamento e prática da Educação Audiovisual ainda não se consolidou dentre as licenciaturas em Pedagogia. Isto pode se explicar por a maior parte destes projetos ter surgido antes da efetiva democratização do acesso à internet no Brasil, o que só ocorreu em meados de 2014 através do smartphone. |
|
Bibliografia | ALMEIDA, Ricardo. Cinema e educação: fundamentos e perspectivas. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 33, p. 1-27, 2017. |