ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | O impacto das novas tecnologias na criação cinematográfica |
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Autor | Ernesto Bezerra Cavalcanti Filho |
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Resumo Expandido | O papel do corpo no cinema sempre me interessou. Em minha dissertação de mestrado , a partir da noção de ensaio fílmico (essay film), busquei analisar o filme de minha autoria “Esta noite não” , além de outros experimentos para pensar uma noção de cinema que parte do pressuposto que a maneira como funcionam as relações corpo-ambiente tornam instáveis as categorias e nomes que buscam descrever certos modos de organização da realização cinematográfica. Uma das estratégias foi pensar na teoria corpomídia como ignição para a construção fílmica e a elaboração de pensamentos críticos. A teoria corpomídia se refere “ao processo evolutivo de selecionar informações que vão constituindo o corpo.” (GREINER, KATZ, 2015) Isso quer dizer que as informações não existem apenas fora do corpo, pensar a informação como aquilo que está fora do corpo é criar uma dicotomia irreal, que pressupõe o corpo como a parte de dentro que recebe a informação da parte de fora (ambiente). Dentro e fora se constituem por contaminação, logo, não existe separação precisa. A teoria corpomídia nega o modelo hegemônico das teorias da comunicação, aquele que assegura que tudo ocorre por input-processamento-output e se realiza entre emissor-meio-receptor. A pesquisa, através de textos de diversas épocas e lugares; e da observação do trabalho de diferentes artistas, demostrou que o cinema ainda é amplamente entendido e estudado como suporte, como um objeto a ser moldado, subvertido, inventado pelo sujeito ou equipe que filma. Surgiu então a inversão que serviu de ponto de partida para minha pesquisa de doutorado: não mais pensar o corpomídia no ensaio fílmico ou o corpomídia no cinema, mas a transformação do cinema em corpo, mais especificamente, em um corpomídia a partir das novas tecnologias que permitem realizar um tipo de construção cinematográfica que desestabiliza as relações entre filmagem/edição e sujeitos/objetos filmados. Como reconciliar o frescor dos processos em andamento com o peso da experiência capturada? Como uma câmera pode recusar-se a nomear, classificar? O que seria falar de certa invisibilidade ao lidar com o cinema? Estas são algumas das perguntas que norteiam a pesquisa. As novas tecnologias possibilitam também repensar e subverter as lógicas de mercado normalmente atreladas aos modelos hegemônicos de produção e distribuição cinematográfica, o que atrela a pesquisa a uma importante dimensão biopolítica. |
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Bibliografia | ADORNO, Theodor. O ensaio como forma. São Paulo: Editora 34, 2008 |