ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Charlie Chan e o whitewashing de detetives asiáticos em Hollywood |
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Autor | Lucas Ravazzano de Mattos Batista |
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Resumo Expandido | Este trabalho parte de uma pesquisa à respeito dos ciclos e tendências da produção de narrativas policiais hollywoodianas. Durante as décadas de 1930 e 1940 o cinema hollywoodiano experimentou um ciclo de produção de filmes com protagonistas asiáticos, capitaneado pelo sucesso das narrativas protagonizadas pelo personagem Charlie Chan. A partir de autores como William K. Everson (1972) ou James Parrish e Michael Pitts (1990) a pesquisa irá demonstrar como personagens como Chan, Mr. Moto ou Mr. Wong foram criados como uma tentativa de combater a constante vilanização de personagens asiáticos em Hollywood e a noção de “perigo amarelo” associada a eles e reforçada por meio de personagens como o arquétipo do vilão Fu Manchu. Através de análises dos filmes protagonizados por esses personagens, o presente artigo buscará argumentar como essas intenções aparentemente positivas falham em se concretizar por conta, entre outros fatores, da escalação de atores ocidentais e sem traços asiáticos para interpretarem esses personagens, além de interpretações cheias de afetações de sotaque e generalização de determinados comportamentos. Através das análises ficará perceptível que intérpretes como o sueco Warner Oland, o romeno Peter Lorre e o britânico Boris Karloff precisavam utilizar próteses e maquiagem na tentativa de se assemelharem a uma aparência asiática, uma prática que Felicia Chan (2017) denomina como “yellowface”. Através dos trabalhos de Chan (2017), bem como os de Leung Wing-Fai e Andy Willis (2014), o trabalho tentará argumentar como essas práticas de colocação de atores e atrizes brancas em papéis de personagens orientais pela indústria hollywoodiana serve como um veículo para encapsular uma série de ansiedades da população branca dos Estados Unidos em relação à presença de imigrantes chineses e japoneses no país e os modos como esses mecanismos de imitação racial, incluindo a das populações negras e indígenas, desempenhou um papel importante na criação do imaginário popular acerca dessas minorias étnicas. A pesquisa, então, irá argumentar que apesar de dificilmente recorrer à “yellowface” na contemporaneidade, Hollywood continua a escalar pessoas brancas em papéis asiáticos como na escalação de Emma Stone como a piloto Allison Ng no filme Sob o Mesmo Céu (2015) ou dos três protagonistas em O Último Mestre do Ar (2010), constituindo um fenômeno que Chan (2017), chama de “whitewashing”, ou seja, um embraquecimento da população asiática representada pelo cinema. Desta maneira, entender os problemas observados nas décadas de 1930 e 1940 em relação à representação de personagens asiáticos em Hollywood contribuiria para o entendimento de como essas questões continuam a se apresentar na contemporaneidade e as diferentes configurações desses esforços de whitewashing. |
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Bibliografia | CHAN, Felicia. Cosmopolitan Pleasures and Affects; Or Why Are We Still Talking about Yellowface in Twenty-First-Century Cinema? Alphaville: Journal of Film and Screen Media, v. 14, p. 41-60, 2017 |