ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | A música no filme “No ritmo do Antonov” (2014) de Hajooj Kuka |
|
Autor | Jusciele Conceição Almeida de Oliveira |
|
Resumo Expandido | Normalmente, os filmes possuem sons, diálogos e falas característicos da trilha sonora, expressão relacionada com todos os sons produzidos no filme ou na produção audiovisual, mas quando um filme é classificado como musical o destaque são suas músicas. Contudo, na contemporaneidade a trilha está especialmente vinculada às músicas dos filmes, compostas exclusivamente para o filme ou não. A música, assim como outros aspectos estéticos e os diálogos, tem um enorme efeito emocional no espectador – alegria, tristeza, embate, medo e até liberdade: “a broader personal liberty” (LEAL-RIESCO, 2011); de modo especial, é como “dizer ao público o que deveria sentir, e quando” (BAHIANA, 2012, p. 114). Assim, a música e a dança são de fundamental importância na cultura africana porque são formas de celebrar, festejar, comemorar que fazem parte da realidade diária temporal e espiritual, o que em África pode ser percebido como indissociável e inseparável do cotidiano, tal como destaca Frank Nwachukwu Ukadike. Nesse sentido, destaca-se que a música faz parte da vida social e cultural do africano, em todas as etapas da vida desde o nascimento, a iniciação, o casamento, no trabalho, lazer, até na relação com Deus ou com o mundo dos espíritos na morte. Por esta razão, o presente resumo propõe refletir sobre a música como tema, identidades, som, tradição, discurso no documentário No ritmo do Antonov /Beats of the Antonov (Sudão/África do Sul, 2014) de Hajooj Kuka, que conta as histórias de agricultores, pastores e rebeldes que – mesmo vivendo o cotidiano dos bombardeios e da guerra nas regiões do Nilo Azul e dos Montes Nuba no Sudão, permanecem praticando e sentindo a música no seu dia-a-dia, como um fator de união cultural, como fuga dos problemas causados pelos conflitos bélicos e também como forma de resistência. Demonstrando que a música é protagonista cultural, tradicional, crítica e rítmica, o que permite pluralidade nas abordagens de análise, daí sua relevância nas películas em que ganha uma força maior, visto que da trilha sonora fazem parte todos os sons presentes no filme, inclusive a falta de som: o silêncio. Assim, a música no filme coabita com ruídos, vozes e silêncio. Além disso, a musicalidade tem um papel subversivo, que se utiliza também para combater estereótipos recorrentes e interpretações antropológicas negativas. Por essa razão, pode-se também “[a] partir da música, conhecer realidades africanas há tanto silenciadas; [a música] se apresenta como uma tarefa fundamental, porque é reveladora” (LEAL-RIESCO, 2012, p. 109). |
|
Bibliografia | ARNAUD, G. Musicalité africaine. Africultures: “L’africanité en question”. Paris: Edtions L’Harmattan, n.41, octobre 2001. |