ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Manoel Clemente: memórias da direção de fotografia na Paraíba |
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Autor | Matheus José Pessoa de Andrade |
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Coautor | Fernando Trevas Falcone |
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Resumo Expandido | A presente pesquisa consiste na construção das memórias do diretor de fotografia paraibano Manoel Clemente da Penha. Nascido em João Pessoa, na década de 1940, o fotógrafo é dono de uma trajetória significativa no desenvolvimento do cinema paraibano. Entretanto, constatamos, de início, a ausência de registros sobre seu tratado enquanto fotógrafo cinematográfico. Quando Aruanda (Linduarte Noronha, 1960) entra em cena no cinema brasileiro, a fotografia de Rucker Vieira chama a atenção por sua ousadia estética, rompendo as convenções e ressaltando a luminosidade sertaneja. O recurso de destelhar os ambientes para a luz ser vista em contraste com as sombras indicava novos caminhos para a imagem cinematográfica. Além da sua força temática e ousadia narrativa, propondo uma ruptura da linha que separava ficção e documentário, as escolhas de planos contribuem de maneira decisiva com sua relevância fotográfica. Ao tempo que inaugura o Ciclo do Documentário Paraibano, Aruanda abriu uma nova perspectiva para a fotografia brasileira, que podemos ver nos estouros de luz articulados por Luis Carlos Barreto em Vidas Secas, por exemplo. Na Paraíba, o nome que vai se destacar na feitura da fotografia cinematográfica em sintonia com as novas demandas estéticas do cinema será o de Manoel Clemente. Vindo do fotojornalismo, atuando no jornal A União, Clemente inicia-se no cinema como assistente de fotografia de Hans Bantel em Romeiras da Guia (João Ramiro Mello/Vladimir Carvalho, 1962). Em seguida, estreia como diretor de fotografia no curta-metragem A Bolandeira (Vladimir Carvalho, 1968), no qual demonstra seu rigor na captação dos movimentos daquela estrutura arcaica que extraia, a partir da tração animal, o sumo da cana-de-açúcar. Aspectos decisivos para a poeticidade do filme, sendo o reconhecimento do seu potencial enquanto fotógrafo e operador de câmera. No longa-metragem O País de São Saruê (Vladimir Carvalho, 1971) a precariedade da produção obriga Clemente a utilizar negativos de diferentes procedências, alguns até de qualidade duvidosa. A fotografia acompanha a própria escassez material do sertão paraibano da época e faz do Sol uma personagem decisiva na construção de um painel sobre as potencialidades e as desigualdades da sociedade daquele lugar. No mesmo ano, fotografou o longa-metragem Fogo: o salário da morte (Linduarte Noronha, 1971), o primeiro filme de ficção feito na Paraíba. Nos anos 1980, seu trabalho fotográfico em Nau Catarineta (Manfredo Caldas, 1987) é decisivo para que o filme consiga captar a beleza, o colorido e a coreografia da manifestação folclórica da cidade portuária de Cabedelo. Com sua agilidade corporal, Clemente insinua sua câmera entre os integrantes da dança, sendo um registro importante para a cultura popular da Paraíba. Figura-chave no processo de surgimento de uma nova geração de realizadores do cinema paraibano, ele participou do Ciclo do Super-8 produzido pelo NUDOC (Núcleo de Documentação Cinematográfica da UFPB). Em 24 Horas (Marcus Vilar, 1987) e Itacoatira – A Pedra no Caminho (Torquato Joel, 1987) exerce a função de diretor de fotografia já numa fase da sua carreira em que o trabalho no set tem como desdobramento a atuação em sala de aula, como professor das disciplinas de fotografia, documentário e realização audiovisual nos cursos de Comunicação da UFPB. Trata-se, enfim, de uma referência na formação de diretores de fotografia paraibanos, oriundo das suas atividades docente e de sua filmografia. Assim, para a pesquisa que aqui se apresenta, como metodologia, partimos da revisão bibliográfica, na qual, inicialmente, percebemos a ausência de suas memórias, principalmente ao confrontarmos com uma entrevista concedida pelo próprio fotógrafo. Resultando, também, num convite a revisarmos a filmografia de Manoel Clemente, empreendendo um olhar analítico sobre suas imagens, destacando sua habilidade com a luz natural. |
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Bibliografia | AMORIM, Lara; FALCONE, Fernando Trevas. Cinema e memória: o super-8 na Paraíba nos asno 1970 e 1980. João Pessoa: Editora da UFPB, 2013. |