ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Colonialismo e capitalismo no mercado cinematográfico português (1961- |
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Autor | Paulo Cunha |
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Resumo Expandido | Em Portugal, a instituição Cinema foi sendo gradualmente construída ao longo do século XX, de modo fragmentado e pouco global. Por diversas circunstâncias, sobretudo geográficas, Angola (a 6.200 km de Lisboa) e Moçambique (a 7.900 km) sempre ocuparam um espaço particular nessa organização do sistema cinematográfico português, situando-se claramente numa “periferia” que os distanciava da dita “metrópole” e, simultaneamente, os aproximava de outros espaços económicos e sociais que não eram controlados ou sequer influenciados pela ditadura portuguesa sediada em Lisboa. De acordo com os dados compilados a partir da informação publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os indicadores relativos ao mercado cinematográfico em Angola e Moçambique crescem gradual e sustentadamente entre 1942 e 1974, incluindo no período do conflito armado pela independência desses territórios. Em termos de espectadores, os números são significativos: em Angola, com 5,6 milhões de habitantes (1970), soma 4,4 milhões espectadores (1973); em Moçambique, com 8,2 milhões de habitantes (1970), regista 4,6 milhões de espectadores). No território “metropolitano” (8,6 milhões de habitantes em 1970), o número de espectadores está estabilizado em torno dos 28,9 milhões, com Lisboa a assegurar 12,1 milhões e o Porto a somar 4,4 milhões. Ao contrário opinião pública, da imprensa especializada e das próprias autoridades políticas, existia um desconhecimento generalizado em relação à dimensão dos mercados “ultramarinos” de então, os grandes grupos económicos com posições dominantes no mercado português (Doperfilme e Lusomundo) estavam atentos e definiram um plano de investimentos que esteve na origem deste crescimento significativo, mesmo em tempo de guerra. Esta proposta pretende mapear e analisar a organização do mercado cinematográfico em Angola e Moçambique durante o período de vigência do Estado Novo, procurando conhecer os mecanismos de produção, distribuição e exibição de cinema nesses territórios “periféricos” do Império colonial português, nomeadamente nas suas relações com a “metrópole”, com a administração colonial local e com os espaços económicos vizinhos, nomeadamente a África do Sul e a Índia. |
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Bibliografia | Anuário Estatístico do Império Colonial (1943-1949). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. |