ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | A ligação de João César Monteiro com o Novo Cinema português |
|
Autor | Sérgio Eduardo Alpendre de Oliveira |
|
Resumo Expandido | Em um texto para a revista O Tempo e o Modo, João Cesar Monteiro, à altura um rigoroso crítico de cinema e um aspirante a cineasta, destila sua verve implacável contra 7 Balas para Selma (1967), segundo longa de Antonio de Macedo. Inicialmente, Macedo foi um dos nomes importantes para a deflagração do Novo Cinema em Portugal. Seu primeiro longa, Domingo à Tarde (1965), ao lado dos primeiros longas de Paulo Rocha (Os Verdes Anos, 1963), e Fernando Lopes (Belarmino, 1964) é considerado um marco de tal movimento [sem esquecer os importantes Dom Roberto, de José Ernesto de Sousa (1962) e Acto da Primavera, de Manoel de Oliveira (1963)]. Monteiro começou sua carreira de cineasta apenas em 1969, e por isso é sempre uma figura meio à parte quando se fala em Novo Cinema português, apesar de nunca ninguém ter recusado seu lugar de ponta dentro do cinema moderno no país. Após sua estreia na direção e mais um média metragem pouco visto, é publicada, no Diário de Lisboa, em 1972, a famosa crítica de Monteiro sobre O Passado e o Presente, a volta de Manoel de Oliveira ao longa-metragem. Nesse texto, Monteiro fala da necessidade de diminuir o cineasta para caber em país tão pequenino. Em 1973, João César Monteiro faria parte da redação da revista Cinéfilo, dirigida por Fernando Lopes e com António Pedro Vasconcelos como chefe de redação. A revista duraria até meados de 1974, e seria o último veículo para o qual Monteiro escreveria com frequência. Após essa experiência, sua carreira de cineasta finalmente obteria o merecido reconhecimento, com longas como Fragmentos de um Filme Esmola (filmado em 1972 com circulação a partir de uma nova montagem de 1975), Que Farei Eu com Esta Espada? (1975), Veredas (1978) e Silvestre (1981). Esta apresentação pretende então indagar qual é o lugar de João Cesar Monteiro no Novo Cinema português, a relação de cumplicidade e enfrentamento que manteve com seus colegas, com distanciamentos por vezes violentos (com António de Macedo, desde o princípio, com António Pedro Vasconcelos mais adiante) e defesas apaixonadas (sobretudo a Fernando Lopes, até a Revolução dos Cravos em abril de 1974), dependendo do momento. Pretendo também pensar no teor de suas palavras dirigidas ao segundo longa de Macedo. Seriam elas justas? Até que ponto sua escrita pode significar um claro preceito estético que ele iria seguir em seus filmes? Como essa crítica a 7 Balas para Selma encontra eco nos longas que realizou a partir da década de 1970? A proposta, então, visa partir do filme de Macedo e de sua recepção crítica por Monteiro para situar este último dentro da filmografia portuguesa daquele momento (anos 1960-1970). |
|
Bibliografia | ARAÚJO, Nelson. Cinema Português. Interseções Estéticas nas Décadas de 60 a 80 do Século XX. Edições 70, 2016. |