ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | O duplo registro de jogo de Isabelle Huppert |
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Autor | Pedro Maciel Guimaraes Junior |
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Resumo Expandido | Análise atoral da atriz francesa Isabelle Huppert tendo como ponto de partida a duplicidade de registros (dramático x épico / jogo identificatório x jogo distanciado) que pautam suas colaborações com cineastas como Claude Chabrol, Michael Haneke, Werner Schroeter e Hong Sang Soo. Essa duplicidade resume uma estratégia de atuação que Huppert vai tornar um traço de estilo : o de sempre deixar respingar em seus personagens, até nos mais naturalistas, algo de artificial, de ostensivamente construído, que pode ser entendido como um comentário gestual ou vocal sobre particularidades de atuação, sobre o processo de criação atoral ou sobre a condição de se saber observada – condição essa que a quase totalidade dos personagem fílmicos desconhece. Pode ser também uma maneira de abalar a construção psicológica do personagem, portanto, construída na plena identificação entre ator e personagem, obedecendo a uma lógica de verossimilhança de comportamento e operando a partir do interior do ator – de dentro para fora, nascem os personagens, nos ensina a cartilha do Método norte-americano e tornada majoritária no cinema. No lugar da manutenção cega da tendência naturalista dominante no cinema, esboça-se um registro que alia o naturalismo psicológico a um regime baseado na exterioridade ou no distanciamento, no comentário constante através de gestos e posturas físicas. Ou seja, Huppert permeia suas atuações com a capacidade, somente inerente aos grandes intérpretes, de estarem dentro e fora do personagem ao mesmo tempo, de viverem intensamente seus personagens e ao mesmo comentarem seu processo de atuação, o ato de se sentir observada e as condições de comunicação secundária através da compreensão da persona do ator. No final das contas, cabe a ela explicitar o conflito entre naturalismo e antinaturalismo, entre a Dramática e a Épica, segundo nos ensina Aristóteles, e a abalar definitivamente o jogo identificatório, afetivo e que esconde as ferramentas da sua execução. Serão analisados filmes como Violete Noziere (Chaborl, 1978), A pianista e O tempo do lobo (Haneke, 2001/2003), Duas (Werner Schroeter, 2002) e A Visitante Francesa (Hong Sang Soo, 2012). |
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Bibliografia | Amiel, Vincent, Farcy, Gérard-Denis, Lucet, Sophie, and Sellier Généviève. 2012. Dictionnaire Critique de l’acteur – théâtre et cinema. Rennes : PUR. |