ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Trabalho coletivo e reconhecimento mútuo nos filmes de Helena Solberg |
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Autor | Patricia Sequeira Bras |
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Resumo Expandido | Na minha comunicação pretendo analisar os primeiros filmes de Helena Solberg: A Entrevista (1966), A Nova Mulher (1974) e A Dupla Jornada (1975) com o intuito de rebater que o uso de testemunhos nos seus filmes revela um exercício praticado nos grupos de conscientização feministas. O filme A Entrevista (1966) foi filmado em 1964, no mesmo ano em que o golpe orquestrado contra o presidente João Goulart estabeleceu a ditadura militar no Brasil até 1985. O filme consiste em uma série de entrevistas a jovens mulheres de classe média. Seus depoimentos sugerem uma correspondência entre a opressão da mulher e a coerção política infligida pelos militares na época. Depois de se mudar para os EUA, Solberg começou a colaborar com a cooperativa International Women’s Film Project. Desta colaboração resultou A Nova Mulher (1974), A Dupla Jornada (1975) e Simplesmente Jenny (1977). A Nova Mulher (1974) relata a história do movimento feminista nos EUA usando imagens de arquivo e também cartas, diários e manifestos lidos por vozes femininas e masculinas. O filme demonstra uma abordagem feminista interseccional, confrontando a forma como o movimento sufragista ignorou as mulheres negras. Por sua vez, A Dupla Jornada (1975) examina o trabalho executado por mulheres na América Latina a partir de uma perspectiva marxista-feminista. No filme Solberg conduz entrevistas a um grande número de trabalhadoras e camponesas, bem como a trabalhadores e gestores, expondo assim as condições de trabalho das mulheres. O filme emprega também reflexividade quando a equipe de filmagem composta toda por mulheres, com exceção do diretor de fotografia, aparece em frente à câmara. Convencionalmente o gênero documentário usa testemunhos orais de experiências pessoais, no entanto, na minha comunicação pretendo rebater que a natureza colaborativa dos filmes de Solberg e a forma como essas mulheres testemunham suas experiências produzem um espaço de narração recíproca e de reconhecimento mútuo baseado em uma prática feminista. |
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Bibliografia | Cavarero, Adriana. Relating Narratives: Storytelling and Selfhood, New York: Routledge, 2000. |