ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | O Aranhaverso. Ruptura e ousadia na burocrática Indústria de Hollywood |
|
Autor | Fabiano Leandro Pandolfi |
|
Resumo Expandido | Este artigo pretende debater as inovações visuais e estéticas do longa-metragem animado “Homem-Aranha no Aranhaverso”, através de um estudo de caso debruçado sobre o processo de produção da obra, com base em pesquisa bibliográfica, documentários e entrevistas com membros da equipe, bem como uma posterior análise fílmica, indicando como e quais seriam essas inovações, através da decupagem frame a frame de trechos selecionados. Num negócio multibilionário como é a indústria do cinema em Hollywood, “jogar para ganhar” é mais do que uma força de expressão, é uma imposição dos estúdios para com seus colaboradores. Os projetos cinematográficos são investimentos caros e sob o ponto de vista dos agentes financiadores, precisam gerar lucros, os quais, em última análise, são responsáveis por manter a cadeia produtiva em funcionamento. Como a demanda por obras de fácil consumo e alta rentabilidade é imensa, os agentes produtores costumeiramente recorrem à utilização de “fórmulas” que atendam ao gosto popular. Se por um lado, o uso de tais “fórmulas”, garante o ritmo contínuo das produções cinematográficas, por outro, ironicamente, a utilização indiscriminada dessa “fórmula” acaba por comprometer a cadeia produtiva, devido ao seu esgotamento. Algumas vezes, porém, somos surpreendidos por obras cujos avanços artísticos, técnicos ou narrativos confrontam os moldes padronizados pela indústria e elevam os padrões do entretenimento de massa. Foi assim com a introdução da cor em “O Mágico de Oz” (1939), com a retórica irrepreensível de “Cidadão Kane” (1941), com a prova de que animação em longa-metragem era um negócio viável em “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), e com a excelência dos efeitos em computação gráfica do “Parque dos Dinossauros” (1993). No final de 2018, a Sony Pictures Entertainment estreou uma animação cuja principal função era bastante prática: seguir utilizando a franquia “Homem-Aranha”, cuja licença retornaria à Marvel (empresa criadora do herói) caso não houvesse nova produção com o personagem. Seria fácil supor que a Sony desenvolveria mais um filme “formulaico”, apenas para dar cabo das obrigatoriedades legais, mas não foi isso o que aconteceu. “Homem-Aranha no Aranhaverso” (2018), foi uma animação que impactou positivamente crítica e público, fato sustentado pela longa lista de 58 premiações, incluindo o Globo de Ouro e o Oscar de melhor animação. O filme possui como características, um roteiro básico mas bem estruturado, personagens carismáticos e uma notável trilha sonora. O que o torna único, entretanto, é a sua ousadia visual. Não é difícil perceber nessa obra, a tentativa mais bem-sucedida de emular a linguagem das histórias em quadrinhos para a tela do cinema (convergência já buscada de forma mais tímida por filmes como “Hulk” (2003), “Sin City” (2005) e “Scott Pilgrimm contra o Mundo” (2010)). O “Aranhaverso” traz inovações técnicas e artísticas que se tornaram referenciais para o setor audiovisual, mesmo antes de seu lançamento. Com enquadramentos dinâmicos e exagerados, uma movimentação mais cadenciada, um visual repleto de onomatopeias, reticulados, cores vibrantes (muitas vezes fora de registro) e traçados aparentemente aleatórios, mas que servem de guia ao olhar do espectador, o filme conduz a narrativa com elegância, e nos dá, a perfeita impressão de contemplar de forma cinemática, as obras pop de Roy Lichtenstein e Steve Ditko. Na animação, baseada nos quadrinhos da linha “Marvel Ultimate” (2000) e dirigida à seis mãos por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, Miles Morales é um adolescente afro-hispânico-americano que vê sua vida ser virada ao avesso após ser picado uma aranha geneticamente modificada. Agora, Morales precisa aprender com seu mentor, Peter Parker (o Homem-Aranha original) a lidar com seus novos poderes, enquanto enfrenta uma ameaça que põe em risco não só o seu mundo, mas todo o multiverso. |
|
Bibliografia | CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. São Paulo. Editora Pensamento, 1997; |