ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Genealogia da criação: um estudo focado no processo audiovisual |
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Autor | Fahya Kury Cassins |
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Resumo Expandido | Os “cadernos de artistas” são bem conhecidos nas outras artes, os esboços de Da Vinci, os papéis e anotações de diversos escritores também são estudados e até compilados para tentar desvendar os processos que levaram às obras. Desta forma, tenta-se construir o mundo do criador, a partir das relações que a sua mente estabelece. A partir dos conceitos de palimpsesto, de Genette, e de adaptação, de Hutcheon, procura-se compreender a obra como um apanhado de ideias, sensações e adaptações criativas. A genética das obras figura, então, como um estudo de construção metodológico e de saberes. Contudo, no audiovisual a pesquisa ainda é inicial. Acredita-se que conhecer o próprio processo criativo ajuda o criador audiovisual na elaboração das suas obras. No curso de Cinema e Audiovisual dá-se muita ênfase nas disciplinas práticas, nas quais eles aprendem as técnicas da linguagem e a operar os equipamentos. Nas disciplinas teóricas eles são envolvidos pelas ideias sobre o cinema ao longo das décadas. Mesmo em Roteiro, disciplina teórica e prática, procura-se muni-los de instrumentos operacionais. Porém, não se incentiva o olhar criador, a busca pela compreensão de onde nascem as ideias de cada um. Esta pesquisa nasceu da intenção de pensar um “caderno de artista” do cineasta/roteirista como apoio para o próprio criador e como fonte de estudo dos processos de criação no audiovisual. É comum vermos exposições como a “Múltiplo Leminski” (2012/2013 MON – Museu Oscar Niemeyer), onde temos contato com toda uma gama de anotações e primeiras versões dos escritos literários. Em menor número, temos exposições sobre filmes, que, geralmente, apresentam o produto acabado da criação. É menos estudado o processo do que o produto. Assim, ao investigar o processo criativo de alguns artistas, escritores e cineastas, a pesquisa visa instituir o caderno do cineasta, como ferramenta de auto-conhecimento e construção da obra audiovisual. O autor pode ter a capacidade de assinalar em si mesmo quais as redes (o que muitas vezes chamamos de referências), quais as obras fontes, que o impeliram às suas novas obras – muitas dessas relações não são explícitas nas obras. É evidente que nenhum diretor ou roteirista precisa trazer à tona as suas referências, mas é importante para o processo criativo que ele saiba de onde elas vieram e quais são elas. “Todo livro, assim, nasce de acúmulos” (NETO, 2013, p.71) e também o entorno “age de forma deflagadora sobre o escritor” (p.70) a partir não só do seu arcabouço literário e visual, mas do que Miguel Sanches chama de bricolagem, somando todo o conteúdo de existência material. Pois “tudo vai sendo recolhido seguindo a hipótese de que isso pode servir” (p.71), o escritor é um colecionador de trechos da vida, de onde ele constrói suas obras. Sanches descreve o escritor como o palimpsesto, mas não apenas feito de textos, esta coleção compõe o que ele denomina autobiografia material do escritor (ou autobiografia da escrita) (p.74). Esta coleção é composta inclusive do que o escritor sublinha nos textos que lê – como se já estivesse escrevendo seu livro (p.72). É possível acrescentar a esta autobiografia material de Sanches aquilo que transcende o material. Pois muitas das escolhas na criação vem de sentimentos, afetos e referências adaptadas daquilo que não vêm em textos (sejam escritos ou imagéticos, etc.) mas da relação que é estabelecida com eles pelo criador. Assim, a pesquisa está voltada à investigação e valorização da construção do hábito do caderno do roteirista e cineasta, de forma teórica e, em breve, prática junto aos alunos do curso de Cinema e Audiovisual da Unisociesc. |
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Bibliografia | ARBEX, M. (Org.) Poéticas do visível: ensaios sobre a escrita e a imagem. Belo Horizonte: UFMG, 2006. |