ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Formação e perfil das associações de críticos |
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Autor | Ivonete Pinto |
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Resumo Expandido | A comunicação objetiva apresentar dados sobre o movimento associativo da crítica de cinema no Brasil. Em uma abordagem que valoriza a história como memória (AGAMBEN, 2009; DIDI-HUBERMAN, 2012;2017), pretende-se examinar as condições históricas, culturais e tecnológicas que permitiram o surgimento de associações formais reunindo críticos de cinema. De entidades que remontam algumas décadas, como a Accpa – Associação de Críticos de Cinema do Pará (1962), passando pela Accrj – Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (1984), Accirs – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (2008) e pela mais recente, a Accirn – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (2017), nos detemos com maior ênfase na constituição da associação nacional. A partir de pesquisa junto aos filiados da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, erigiu-se um retrato que apresenta aspectos desde formação, faixa etária a percentual de gênero escrutinado por região. Fundada em 2011, foi a primeira entidade de abrangência nacional a estabelecer-se formalmente. Um surgimento tardio na comparação com outros países. A arqueologia das associações de críticos se faz necessária em um contexto de crise das publicações impressas, que forja um novo perfil dos profissionais ingressantes no mercado, seja o mercado que remunera com base na troca de produtos e serviços, seja enquanto espaço de produção de críticas de filmes sem monetização direta. Considerando que a história não é estática, tampouco objetiva (BENJAMIN, 2009), este estudo ancora-se metodologicamente em depoimentos, pesquisa quantitativa e documentos que fazem a memória da trajetória da crítica através do viés das associações. Uma história- testemunho, que como defende Le Goff (1990), é uma ciência em sentido técnico. Já a experiência da produção de livros com selo Abraccine, indica um anseio por recuperar e perpetuar cinematografias por vezes esquecidas (a coleção dos “100 Melhores”) e por retomar analiticamente textos de críticos-pensadores de trajetória ímpar (Jean-Claude Bernardet, Ismail Xavier, Inácio Araújo). Com isso, preserva-se o conhecimento e a própria continuidade da memória. A “memória de si” (ELIAS, 1994) aqui é a memória dos grupos como organismos vivos, através dos quais buscamos compreender uma certa identidade que poderia ser atribuída à categoria dos críticos de cinema. Ao pensarmos a respeito de nós mesmos, como células destes agrupamentos, percebemos inquietações do nosso tempo. São recentes os interesses comuns que pautam as atividades das associações, em especial as da Abraccine. E pelo conjunto de ações já empreendidas, além da publicação de oito livros, nota-se uma urgência em participar de eventos e posicionar-se em episódios de natureza lato sensu política, que de outra maneira, individualmente, não seriam a prioridade de profissionais da crítica. O estar em grupo, nos parece, neste caso tem possibilitado um pensar em grupo de forma sistemática. Longe de uma afirmação categórica, é viável supor que tais inserções que privilegiam a reflexão voltada ao registro da memória são relacionadas ao perfil acadêmico revelado na citada pesquisa: 52% dos filiados da Abraccine possuem pós graduação (15% são doutores e 37% possuem mestrado). Como toda memória está ameaçada pelo esquecimento (DIDI-HUBERMAN, 2012), cumprimos um papel de “registradores”, assim contribuindo à memória daqueles distantes de nós, que num longínquo futuro venham a se interessar pelos críticos de cinema como coletividade. |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. O que é ser Contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos,2009. Disponível em: http://goo.gl/QCaISD |