ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Cinematografia como tradução |
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Autor | Pedro Urano de Carvalho |
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Resumo Expandido | Uma investigação da direção de fotografia no cinema. A partir do trabalho de Vilém Flusser e e da experiência do autor como diretor de fotografia, o texto sublinha o caráter relacional das câmeras fotográfica e cinematográfica e apresenta a fotografia – seja parada ou em movimento (cinematografia) – como uma arte do contraste. Entendida como expressão de uma relação – entre tonalidades, cores, formas, movimentos de câmera, ritmos e etc. – a ideia de contraste, estratégia principal da modalidade visual do pensamento, assume centralidade na construção de imagens pelo fotógrafo. A partir de inúmeras entrevistas com diretores de fotografia do Brasil e do mundo, o texto passa então a investigar palavras-chave recorrentes no discurso destes profissionais, como a expressão inglesa compromise, de difícil tradução. O expediente serve para revelar o ofício fotográfico como modulação de constrastes relacionados. Em sua segunda parte, o trabalho investiga a dimensão conceitual da fotografia e, em especial, da cinematografia, onde é mais evidente. Chamando atenção para a extensa coleção de textos indispensáveis à realização cinematográfica que, no entanto, permanecem invisíveis tanto para o público quanto para a crítica especializada, o trabalho elege a decupagem como peça central da articulação texto-imagem que caracteriza a cinematografia, introduzindo a ideia que dá título ao artigo – ‘cinematografia como tradução’ (de texto em imagem visual). A investigação de outro conceito caro aos diretores de fotografia, a chamada ‘consistência’ – que diz respeito à coerência interna do agrupamento de imagens visuais que compõem um filme – conduz à exploração de outro termo fartamente mencionado pelos profissionais da imagem em movimento, a ideia de ‘conceito’, espécie de pedra de toque que norteia as modulações técnicas que resultarão na imagem final de todo filme. A discussão acaba por revelar um princípio holográfico de composição da imagem cinematográfica, sublinhando seu inerente ‘cratilismo’, neologismo tomado de um estudo de Caroline Bayard sobre poesia concreta e expresso na fórmula ‘forma = conteúdo’. A esta altura, demonstrada a dimensão conceitual da cinematografia, o trabalho passa a explorar seu caráter tácito, sua capacidade silenciosa e não-verbal de comunicar ideias, apoiando-se no conceito de conhecimento tácito do polímata húngaro-britânico Michael Polanyi. |
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Bibliografia | ARONOVICH, Ricardo. Expor uma história. Rio de Janeiro: Gryphus, 2004. |