ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | O imaginário nuclear e a vanguarda cinematográfica |
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Autor | Lucas de Castro Murari |
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Resumo Expandido | Ficou evidente a partir dos bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki realizados pelos Estados Unidos contra o Japão durante a segunda Guerra Mundial o potencial bélico altamente destruidor desenvolvido pela humanidade. Mais de 200 mil pessoas morreram instantaneamente com as bombas e durante os meses seguintes, milhares morreram ou foram marcadas para sempre pelos efeitos de queimaduras e/ou radiação. Em uma das Teses para a Era Atômica escrita por Günther Anders (2014), o filósofo alemão define “Hiroshima como Condição Mundial”, isto é, o Dia de Hiroshima (mais especificamente 6 de agosto de 1945) marca o início de uma nova era: a era em que, a qualquer momento, temos o poder de transformar qualquer lugar do nosso planeta, e até o nosso próprio planeta, em uma Hiroshima. Cria-se com isso um rompimento entre o conhecimento técnico-científico e a incapacidade política. A tecnização armamentista chegou em um nível tão elevado que mal conseguimos compreender realisticamente suas consequências. O estoque de armas nucleares (bombas atômicas, bombas de hidrogênio, bombas de nêutrons) já são mais do que suficientes para pôr fim à vida na Terra. Hiroshima não passa mais a ser um simples nome de cidade ou local de um evento histórico, mas um símbolo, a possível condição de um mundo por vir. As Teses para a Era Atômica foram escritas originalmente em fevereiro de 1959, mas a problematização continua extremamente atual. A partir dos bombardeamentos na segunda Guerra Mundial, é constante o discurso e a produção de imagens em torno da questão nuclear. Do ano de 1945 para cá, a fabricação e o armazenamento de armas se acentuaram, assim como as chamadas explosões experimentais, a instalação de bases de mísseis e o treinamento de especialistas. A comunidade internacional no início do século XXI estimava a existência de aproximadamente 30 mil ogivas nucleares (WEISMAN, 2007, p. 252). O cinema de vanguarda/experimental é um campo artístico que tem abordado o assunto por múltiplas maneiras. Os filmes têm respondido às questões nucleares por meios singulares. Os artistas e cineastas ligados a esse tipo de produção vêm desenvolvendo trabalhos para sensibilizar o problema. As obras se tornam os agentes mediadores entre o processo de conscientização humana e a sociedade vista sob condições alarmantes. Em alguns casos, propõem especulações no tocante aos modos de extinção. Esse imaginário se tornou uma temática recorrente nas reflexões do meio artístico desde as primeiras explosões. Os bombardeamentos vêm sendo utilizados para refletir sobre distopias extremas, apocalípticas e pós-apocalípticas. Além disso, é uma imagem que foi amplamente filmada e documentada nas últimas décadas. Outra abordagem se refere ao imaginário ligado aos acidentes de usinas como Chernobyl e Fukushima. No caso do Japão, mesmo depois de ter vivenciado dois desastres na Segunda Guerra Mundial, o país se tornou ao longo das décadas cada vez mais dependente da energia atômica. A mesma ciência que antes havia arrasado suas cidades agora as ilumina. Este trabalho tem como objetivo analisar como o cinema tem abordado a questão nuclear. Alguns nomes em particular serão destacados nessa análise, como é o caso das obras de Bruce Conner, Jacob Kirkegaard e Tomonari Nishikawa, que abordaram respectivamente a segunda guerra mundial, Chernobyl e Fukushima. A ênfase do estudo é a investigação estética. |
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Bibliografia | ANDERS, Gunther. Diario di Hiroshima e Nagasaki - un racconto, un testamento |