ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | A produtora Sonofilms em comparação às suas contemporâneas argentinas |
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Autor | Vitor Ferreira Pedrassi |
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Resumo Expandido | Dentro da bibliografia sobre o cinema brasileiro, é recorrente a comparação entre Alberto Byington Jr., dono da produtora Sonofilms, e seus contemporâneos Adhemar Gonzaga e Carmen Santos, que estavam à frente, respectivamente, da Cinédia e da Brasil Vita Filme, as maiores produtoras de cinema nos anos 1930 e 1940. Como aponta Heffner (2009, p. 25), “as diferenças [entre eles] podem ser auferidas em termos de escala, perfil e objetivos econômicos”. Enquanto antes de entrar para a produção de filmes, Gonzaga era um jornalista cinematográfico e Santos uma atriz, Byington era um homem de negócios ligado ao ramo da eletricidade e havia começado a trabalhar na indústria fonográfica e radiofônica há algum tempo. No comando de suas empresas, enquanto “os dois primeiros sempre expressaram um difuso idealismo que misturava arte, nacionalismo e eventualmente lucro”, Byington tinha como principal objetivo justamente o lucro, o que diferenciava o seu tipo de produção. Trabalhando também com um projetor cinematográfico sonoro, o Fonocinex, e tendo sua própria distribuidora, a Distribuição Nacional, Byington, através da Sonofilms, buscava uma produção em larga escala com o mínimo de investimento possível. Para isso, utilizava em seus filmes vários artistas que já estavam sob contrato com ele por meio de sua gravadora musical e suas emissoras de rádio e possuía um estúdio próprio com equipamentos modestos no mesmo local em que funcionava sua gravadora. Além disso, tinha um esquema próprio de distribuição e um sistema de lançamentos constituído por um filme-revista no carnaval e uma adaptação teatral no meio do ano, sempre voltados especificamente para o mercado. Desse modo, a Sonofilms apresentava uma produção distinta à da Cinédia e da Brasil Vita Filme, empresas que tinham maiores ambições artísticas e sociais. Essas diferenças eram tão grandes que a empresa foi chamada de “pequena revolução dentro do cinema brasileiro” por Heffner e Ramos (1988, p. 222). Com esse cenário produtivo tão díspar em relação às suas contemporâneas brasileiras, em que a empresa se distanciava tanto das principais concorrentes do mercado, é de se questionar se a Sonofilms seria uma experiência única também quando se pensa no cinema latino-americano em geral. Teria a Sonofilms, em seu curto período de existência (entre 1937 e 1944, com produção corrente até 1940, ano em que sofre um grande incêndio, lançando apenas outros dois filmes nos anos posteriores), se assemelhado com alguma outra produtora fora do Brasil? Esta comunicação, então, para responder esse questionamento, investiga as semelhanças e diferenças da Sonofilms com aquela que foi a maior indústria cinematográfica da América do Sul daquele momento, a argentina. A escolha pela produção do país se dá, pois, além dela ser a mais expressiva em termos comerciais e estéticos daquele período, Autran (2012) já apontou em estudo anterior quatro hipóteses para que a indústria daquele país tenha se desenvolvido com muito mais êxito que a produção brasileira: o papel do Estado, o uso de profissionais estrangeiros, a influência da tradição teatral e a origem profissional dos donos das produtoras. Em breve análise, já pode-se inferir que a produção da Sonofilms teria se assemelhado mais às produtoras argentinas em pelo menos três dos pontos, graças a uma relação diferente com o poder estatal quando comparadas com a Cinédia e a Brasil Vita Filme, a intensa relação entre os seus filmes e o teatro brasileiro e a origem profissional de Byington Jr. A partir dos estudos de autores como Maranghello (2005) e Freire (2013), além dos já citados, pretende-se aprofundar tais pontos, comparando a sua trajetória com a das principais produtoras argentinas, em especial a Argentina Sono Film, de Angel Mentasti, devido principalmente ao seu estilo de produção e à experiência profissional de seu proprietário. |
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Bibliografia | AUTRAN, A. Argentina Sono Film e Cinédia: uma comparação. In: Significação: Revista de Cultura Audiovisual, v. 42, p. 15-28, 2015. |