ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Pesadelos, bruxas e películas, oh my! O Gesto dos Mortos, parte 2. |
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Autor | Diego Paleólogo |
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Resumo Expandido | A presente comunicação tem como projeto dar continuidade – e rupturas – à fala de 2018, 'O gesto dos mortos: a imagem-zombie e o cinema mainstream dos anos 90'. Permanecer na proposta de que o cinema de horror dos anos 90 é um campo profícuo para se pensar o outro lado da vida, ou seja, corpos e subjetividades dissidentes que habitam os subterrâneos do imaginário; corpos e práticas excluídes da luminosa heteronorma. Nessas narrativas, morte e vida são moduladas em frequências dissonantes, oferecendo possibilidades múltiplas de como experimentar o mundo, os medos e alteridades. O cinema de horror, então, é atravessado pelo medo de tornar-se radicalmente imagem – um medo da desmaterialização do real e da corporeidade; o pavor do fim do século XX. Para esse segundo movimento de fala penso a partir dos filmes 'O Novo Pesadelo' (Wes Craven, 1994), 'A Bruxa de Blair' (Sanchéz e Myrick, 1999) e 'Cut: cenas de horror' (Rendall, 2000). Essas três narrativas tencionam a intimidade entre imagem, fantasia e o gesto dos mortos. Mantenho o escopo teórico com Laura Mulvey, Jean Baudrillard, Walter Benjamin, Marie-José Mondzain e alguns outros. Imagens em movimento ativam potências e afetos e convocam as fantasias da morte e do vídeo-retorno (a capacidade de replay, do voltar, avançar, pausar...) – nada morre, nada permanece morto, como observamos no retorno de Freddy Krueger, em 1994. Essa ideia é expressa, de maneira mais contundente, nas inúmeras sequências de filmes de terror e horror. Monstros são, em última instância, categoricamente, imagens, fantasmas, fantasmagorias que adquirem vida, densidade e agência através das possibilidades técnicas do cinema – vida, animar corpos, animar imagens. Em uma relação dialética é possível cruzar, então, essas três narrativas e pensar em fantasmas, os gestos assombrados dos esquecidos, suas memórias, recusas e permanências - qual a efetiva fronteira entre o real e a ficção?, entre a imagem e a vida? O desejo dessa apresentação, mais uma vez, é fazer com que as imagens ‘falem’ – convocar os mortos, os não mortos, os anti-mortos para, mais uma vez, fazê-los performar. ‘Pode a imagem matar?’ A questão oferecida por Marie-José Mondzain abre para inúmeras possibilidades. É na medida que destruímos ou subvertemos, de acordo com Walter Benjamin, as imagens, que conseguimos resgatar e ativar as potências de vidas – produzir presença e sentido. Pesadelos, bruxas e película ocupam um estranho campo semântico: as imagens da morte e a morte das imagens. É através dessas personagens insólitas que iremos, então adentrar os interstícios do horror - nunca mais dormir, um novo pesadelo está sempre atrás da porta. |
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Bibliografia | BAUDRILLARD, Jean. A ilusão vital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. |