ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Presença e mediação nas instalações Cinema Extrapolado e Demolição |
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Autor | Patricia Moran Fernandes |
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Resumo Expandido | Gilberto Icle, um dos editores da Revista Estudos de Presença , entende a presença como um movimento, como a possibilidade de se minorar a relevância do significado em práticas performativas do ator (pg.10). Yvana Fechine em sua pesquisa sobre o jornalismo, sublinha o debate da semiótica e fenomenologia sobre a presença, ressaltando a prevalência da dimensão sensível da existência e em certa medida, a presença como “um primeiro modo de existência do sentido” (pg. 90). Para Philipe-Alain Michaud o cinema experimental ao se emancipar do cinema narrativo, coloca-se como arte da presença (pg. 25). Conforme Gumbrecht, “uma coisa presente deve ser tangível por mãos humanas — o que implica, inversamente, que pode ter impacto imediato em corpos humanos”. A presença além de associada ao sensível, ao não-sentido e à participação do corpo, reivindica a performatividade e a materialidade do meio. Ou seja, a performance se dá a partir de relações com o mundo, dotadas de forma e matéria. Nas artes do corpo como o teatro, em eventos jornalísticos supostamente calcados em dados insofismáveis e em filmes abstratos, como os mencionados por Michaud, prevalece a presença, a irradiação da matéria criando oscilações entre significação e afecção, uma imagem ou situação entre, da qual é difícil se afirmar ‘é’ isto, no geral pode ser, está em devir. Considerando a presença um dos poucos aspectos comuns à performance em ampla acepção, propomos analisa-la como um modo de ser da imagem, como um modo de ser do dispositivo audiovisual em instalações e performances. A instalação do VJ Spetto Cinema Extrapolado e de Luiz Duva Demolição e Preto sobre Preto existem apenas a partir de uma ativação corporal do espectador. Elas ativam materialidade de ordem distinta, se fazendo em presença na oscilação entre ritmos, cores e volumes de sons e informações tão codificados, que deixam de existir enquanto sentido, prevalecendo em seu aspecto formal, como o cineasta Glauber Rocha na instalação de Spetto. Estas obras definem um lugar ativo para o espectador, demandando outra relação com a obra. Não pensamos apenas na ativação rítmica e nos repertórios demandados, tampouco na exigência de fisicalidade de relação com a técnica para dela assim dela se ultrapassar e jogar com a fragilidade de um sentido estável e a riqueza de formas que ao se metamorfosear no tempo, foge da designação certeira almejada pela representação. Demolição e Cinema Extrapolado existem com o público, dividem com ele a autoria ao lhe propiciar a experimentação do lugar do VJ. Os realizadores à época exploravam as pistas de dança, desenvolviam um trabalho cujo sentido era de segunda ordem, prevalecia a performance levada a curso pelo público. A presença desloca, anula e/ou sobre-codifica lugares indicados e reconhecidos das imagens utilizadas pelos realizadores. Se conforme Gumbretch defende, há uma oscilação entre dados de presença e sentido em certas práticas artísticas, nestes trabalhos o significado, os sentidos expressos nas imagens são esgarçados pelas intensidades acionadas na execução das obras, pela valorização e consciência do valor do significante material explorados como materialidade e como representação por Duva e Spetto. |
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Bibliografia | Auslander, Philip. Liveness. 2008. Performance in a mediatized culture. 2nd edition. |