ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | Dada-data: Interações entre um webdocumentário e a arte inespecífica |
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Autor | Fernanda Bernardes |
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Resumo Expandido | “Nós deveríamos fazer toda arte, literatura e cinema livres. O meio não importa, assim como nós. Apenas a composição é essencial. Peguem qualquer material.” (Tradução livre nossa). O movimento dadaísta abrigou artistas com produções consideravelmente diversas, incluindo poetas, pintores, fotógrafos, escultores. Esse grupo, ainda que heterogêneo, apresentava preocupações em comum. Entre elas o excessivo distanciamento entre a arte e a vida cotidiana e o domínio do interesse capitalista, tanto como força destrutiva na sociedade, quanto como forma de controle sobre a produção artística. A criação disruptiva, que ressignificava objetos e questionava padrões tradicionais da arte, foi uma das formas empregadas pelos dadaístas para suscitar questionamento. Artistas alemães, como Hausmann, Höch, Grosz e Heartfield (HOPKINGS, 2004), produziram imagens satíricas através da justaposição de recortes de jornais e fotografias. Objetos industrializados e utilitários serviram de matéria prima para os readymades, popularizados por Marcel Duchamp. Bicycle Wheel, de 1913, é composto por uma roda de bicicleta e um banco. De acordo com Duchamp, a fabricação do objeto é irrelevante, o que importa é a escolha, o está por trás da criação é o ato de selecionar o item, retirá-lo de seu contexto e propor um novo pensamento em torno desse material. Dada-data presta homenagem aos dadaístas apresentando apropriações e ressignificações para obras e ideias do movimento. O webdocumentário é composto de manifestos, vídeos realizados no Cabaret Voltaire, animações narrando eventos de personagens históricos do movimento, ilustrações das obras, fotomontagens geradas com a colaboração dos usuários e readymades feitos por impressoras 3D. O webdocumentário reúne registros de eventos, cria novas leituras a partir das falas e obras do século XX, apresenta um posicionamento político frente ao contexto atual e convida o usuário a participar desse conjunto de ações. Ao analisar Frutos Estranhos, de Nuno Ramos, Garramuño (2014) afirma que mais do que cruzar meios diversos, é produzida a combinação de diferentes mundos de referência. Dada-data desdobra-se de forma semelhante, pois não há trajeto específico para percorrer a obra, mas um conjunto de recursos e seus desdobramentos. Rancière (2011) propõe que as intersecções entre arte e tecnologia podem promover a indiferenciação de meios e a desespecificação da arte. A inespecificidade da arte, para ele, relaciona-se com uma condição de neutralidade, fruto da libertação de especificidades impostas pela tecnologia e dos encontros de diferentes materiais e tipos de arte. Nestas condições, cria-se um meio específico da experiência. Procuramos observar Dada-data de acordo com essa leitura, encontrando intersecções entre a tradição do cinema documentário, o museu de arte e a fruição participativa da web. |
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Bibliografia | DADA-DATA. [S.l.], 2016. Disponível em: . Acesso em: 11 ago. 2018. |