ISBN: 978-65-86495-01-0
Título | A apropriação do super-8 por mulheres nordestinas nos anos 70 e 80. |
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Autor | moema pascoini |
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Resumo Expandido | O suporte fílmico denominado super-8 corresponde a uma evolução técnica da bitola 8mm. A largura da película foi mantida, mas o tamanho das perfurações laterais foi reduzido, permitindo dessa forma, o aumento da área dedicada à fixação da imagem (frame) e a consequente melhoria da qualidade desta última. Foi acrescentado, também, um espaço para uma pista magnética que permitiu a gravação simultânea do som, dispensando a necessidade de um equipamento extra para a captação direta de áudio. A nova bitola foi lançada longe dos holofotes da produção do cinema profissional e surgiu no mercado em 1965, com o objetivo de servir a fins domésticos. Rapidamente, no entanto, uma apropriação experimental desse suporte foi realizada para a utilização em filmagens de curtas-metragens, documentários e intervenções. Dessa forma, artistas plásticos, estudantes, adolescentes, militantes políticos e tantas outras figuras passaram a utilizar o super-8 e se viram na posição do registro e da criação. No nordeste brasileiro desenvolveu-se um ciclo de cinema superoitista alimentado por cineclubes e festivais dedicados à bitola. Como amostragem inicial, podemos verificar que entre os 92 filmes catalogados pelo Núcleo de Documentação Cinematográfica da Universidade Federal da Paraíba (NUDOC) , 21 foram dirigidos ou co-dirigidos por mulheres, o que nos mostra que a participação feminina era menor que a masculina, sem deixar de ser, no entanto, numericamente relevante. Nesse sentido é interessante notar como a apropriação do super-8, permitiu às mulheres a saída da condição de personagem ou expectadora (inclusive em filmes familiares, onde o uso da câmera está ligado à figura masculina) para a de realizadora, assumindo assim, autonomia frente às suas criações e revelando, através delas uma relação entre o seu universo pessoal e o contexto social no qual estavam inseridas. Realizadores superoitistas nordestinos como Edgard Navarro (Bahia), Torquato Joel (Paraíba), Paulo Bruscky ou Jomard Muniz de Britto (Pernambuco) são de maneira justa e acertada estudados e discutidos, porém o mesmo não se dá com realizadoras como Jane Malaquias (Ceará), Ilma Fontes (Sergipe) ou Elisa Cabral (Paraíba), por exemplo. Seriam os seus filmes considerados menos importantes? Conforme analisado por Machado e Campos (2017), esse vácuo dentro dos estudos superoitistas é resultante de uma postura teórica de desvalorização em relação ao cinema realizado por mulheres, como também um reflexo da subordinação à qual a mulher é submetida no momento de produção desses filmes. Acredita-se aqui que as obras fílmicas realizadas por mulheres nordestinas ainda não possuem suficiente espaço de reflexão e aprofundamento teórico dentro da academia e que essa problemática é ainda mais aguçada em relação aos filmes realizados em super-8. Dentro deste recorte, para esta apresentação, será feita uma análise do filme sergipano “O Beijo” (7min,1980), das realizadoras Ilma Fontes e Yoya Wursch. |
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Bibliografia | GUBERNIKOFF, Giselle. Cinema, identidade e feminismo. São Paulo: Editora Pontocom, 2016. |