ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Arábia: uma análise de sua distribuição e exibição |
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Autor | Adhemar Soares Lage |
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Resumo Expandido | Este trabalho apresenta reflexões sobre o setor de distribuição e exibição de filmes nacionais independentes, utilizando como objeto empírico o filme mineiro Arábia (2017). Através da metodologia do estudo de caso, foi possível acompanhar a trajetória do filme em diferentes janelas de exibição. Os dados foram coletados em entrevistas com o distribuidor Daniel Queiroz, com os diretores dos filmes Affonso Uchoa e João Dumans, e com os produtores executivos Thiago Macêdo Correa e Vitor Graize. Arábia (2017) é um filme produzido em Minas Gerais, lançado comercialmente em 2018, depois de uma longa trajetória em festivais nacionais e internacionais, na qual recebeu vários prêmios e ganhou maior visibilidade. A obra cinematográfica conta a história do operário metalúrgico Cristiano a partir de suas memórias anotadas em seu diário. Como a maioria dos filmes independentes, Arábia teve sua estreia em festivais, trilhando uma carreira bem sucedida e ganhando visibilidade. No total foram 28 festivais, sendo o de estreia o 46º Rotterdam Film Festival que é considerado um dos mais importantes e reconhecido por apoiar obras de novos cineastas. No Brasil, Arábia participou do Festival Internacional do Rio de Janeiro e do 50º Festival de Brasília, na qual recebeu diversos prêmios incluindo o de Melhor Filme. Depois de ser exibido nos festivais, Arábia deu início a sua distribuição comercial pela Embaúba Filmes. Um ponto levantado pelo distribuidor em entrevista, foi a definição do longa como um filme de nicho, a partir desse recorte, a distribuição foi pensada em atingir o público que consome cinema independente brasileiro. Arábia entrou em cartaz no dia 05 de abril de 2018 e permaneceu até o dia 04 de julho do mesmo ano. Ocupou 41 salas em vários estados do país, sendo quatro estados do Sudeste, três do Sul, nove do Nordeste, dois do Centro-Oeste e três da região Norte, totalizando 22 estados. Arábia alcançou 11.696 espectadores e arrecadou R$157.519,00. (ANCINE, 2018). Após a passagem pelas salas, Arábia foi disponibilizado em plataformas de VOD com diferentes perspectivas, tais quais: Net Now, Vivo Play, Oi Play e Embaúba Play (plataforma da distribuidora) ambas no formato de aluguel, no valor que varia de R$6,90 a R$7,75, preço menor que o ingresso de cinema. A produção independente teve 1.136 vendas nestas plataformas até setembro de 2019. Na Embaúba Play no período de um ano (março de 2019 a março de 2020) Arábia alcançou 104 vendas. Na plataforma por assinatura MUBI o filme conseguiu mais de 5 mil visualizações durante 30 dias de disponibilidade. Em 2020 o parque exibidor de salas de cinema de vários países foi fechado devido à pandemia provocada pelo vírus Covid-19. A distribuidora Embaúba Filmes atuou neste início liberando no mês de abril todo catálogo da sua plataforma, para exibição gratuita por meio de um código de acesso. Através dessa iniciativa a distribuidora conseguiu mais de três mil visualizações na plataforma, deste modo, o filme Arábia obteve 31 aluguéis e 765 visualizações gratuitas, número elevado tendo como perspectiva os resultados anteriores. Através da trajetória do filme Arábia (2017), é possível fazer reflexões sobre os problemas do mercado de distribuição e exibição do país, como as salas concentradas nos centros urbanos e capitais, plataformas por assinatura obtendo maior alcance de público e a falta de regulamentação desse mercado. Neste contexto, o filme Arábia confirmou as expectativas do mercado cinematográfico ao obter maior porcentagem de arrecadação e público, através do meio de exibição clássico, as salas de cinema. Contudo, em um cenário de mudanças de hábitos, alavancado principalmente pela pandemia em decorrência da Covid-19, um produto audiovisual não pode deixar de acompanhá-las. É importante estar presente em vários meios e plataformas para formar públicos e impulsionar o acesso de seu filme, mesmo possuindo resultados menores que a distribuição tradicional. |
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Bibliografia | BRASIL. Agência Nacional do Cinema. Vídeo Sob Demanda: Análise de Impacto Regulatório. Rio de Janeiro: Ancine, 2019. 269 p. Disponível em: . Acesso em: 12 dez. 2019. |