ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Uma breve história local entre as imagens fixas e em movimento |
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Autor | Annádia Leite Brito |
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Resumo Expandido | Após analisar as relações entre as imagens fixas e em movimento em quatro obras nos Encontros da SOCINE de 2017, 2018 e 2019 – tendo nesses últimos dois eventos estabelecido foco sobre trabalhos realizados em Fortaleza – dá-se continuidade a essa pesquisa intentando realizar uma retomada histórica para investigar se houve ocorrência de tais relações desde a chegada das imagens técnicas à capital alencarina e como elas se deram. Isso se faz importante e necessário para compreender que as contaminações e misturas não são fruto apenas da contemporaneidade, mas já existiam e sofreram um processo de apagamento durante o que se denomina como modernidade em prol da sustentação de um discurso de pureza (LATOUR, 2013). Além disso, a retomada de certos pontos fundamentais da arte do passado pela do presente deixam evidente que não há uma repetição direta das questões, mas uma releitura a partir do ponto de vista presente das investigações que compõem cada época (FOSTER, 2014). A chegada da fotografia em Fortaleza se deu em 1848 através do irlandês Guilherme Frederic Walter, também mágico e ilusionista de fantasmagorias. Já em 1897, de julho a novembro, a cidade recebeu os Kinetoscópios de visor e de projeção, de Edison, e o Cinematógrafo, dos irmãos Lumière (LEITE, 2019). Os agentes responsáveis por trazer as tecnologias de imagem iniciais para a cidade eram comerciantes fixos ou itinerantes ligados ao lazer ou empresários que diversificavam seus investimentos trazendo novos equipamentos. Os precursores – lanternistas, fotógrafos e projecionistas – a princípio não reconheciam limites entre as apresentações das imagens, estavam abertos às novas tecnologias que vinham sendo desenvolvidas e as agregavam em suas práticas correntes, criando espetáculos mistos que veiculavam o fixo e o móvel. Se foi possível notar indistinção na exibição de imagens fixas e em movimento até a década de 1920, a partir da prática de Adhemar Bezerra de Albuquerque se percebe uma realização mista, onde houve pensamento, produção e empreendedorismo em fotografia e cinema. A partir de 1969, a captação e projeção em Super-8 chegou em Fortaleza, formando um pequeno polo ao redor do Clube de Cinema de Fortaleza, fundado em 1949, e do Cinema de Arte Universitário, da Universidade Federal do Ceará (UFC), inaugurado em 1971, conhecido popularmente como Casa Amarela e encabeçado pelo professor Eusélio Oliveira (HOLANDA, 2012). Bosi (2016, p.48) indica que “[...] a maior parte dos cineastas amadores e de família que surgiram com o Super-8, de alguma forma, apresentavam interesse e envolvimento prévios com o universo da produção amadora de imagens fotográficas”. A portabilidade e o menor custo do Super-8 possibilitaram àqueles que já exerciam a prática fotográfica que alcançassem o desejo de produzir imagens em movimento ou de experimentá-las. Realizadores como Joe Pimentel seguiram trabalhando com fotografia e cinema separadamente, imbricando-os em seus filmes a partir dos anos 2000. Nas décadas de 1980 e 1990, o poder público estadual tentou estabelecer na capital formas de profissionalização e formação de um polo cinematográfico industrial, mas sem sucesso. Por outro lado, os equipamentos de vídeo começavam a ser utilizados para fins artísticos, ainda que com desconfiança, abrindo caminhos para a videoarte. No início dos anos 2000, após a retomada, a convergência de meios e a difusão dos aparelhos digitais de registro, edição e visualização de imagem e som se somaram ao alargamento dos espaços de ensino de audiovisual com uma abordagem mais próxima dos movimentos divergentes do cinema hegemônico. Assim, trânsitos entre o fixo e o movimento se tornaram mais frequentes ao consolidar em obras aquilo que já houvera sido tangenciado na exibição e no emprego misto em décadas anteriores: um híbrido mais próximo e mais visível do que antes. |
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Bibliografia | BOSI, Maíra Magalhães. Filmes de família e construção de lugares de memória: estudo de um material Super-8 rodado em Fortaleza e de sua retomada em Supermemórias. 2016. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Cultura) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016. |