ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Complexidade dos processos de produção cinematográfica |
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Autor | Cecilia Almeida Salles |
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Resumo Expandido | O objetivo da comunicação é apresentar algumas reflexões sobre os processos de produção cinematográfica, a partir de registros de cineastas como as cartas de Evaldo Mocarzel, enviadas aos montadores em seu projeto sobre a experimentação do teatro contemporâneo paulista; as publicações do roteiro Narradores de Javé de Eliane Caffé e dos diários do ator David Carradine na filmagem de Kill Bill de Quentin Tarantino. Destacamos que são documentos que os cineastas tornaram públicos, colocando o potencial de seus estudos em relevância. A discussão teórica será feita no âmbito da crítica dos processos de criação em diálogo com a pesquisa de Domenico De Masi (2007) sobre os grupos criativos europeus de 1850 a 1950. Serão discutidos dois aspectos que envolvem o complexo processo de concretização de um projeto comum, guiado pelas teorias destes cineastas em meios aos outros membros do grupo: a formação da equipe e escolha dos modos de trabalho. Quanto à construção do projeto, De Masi (2005) destaca a importância do líder de infundir no grupo um estado de adesão ao objetivo comum. Observamos, também, a dificuldade de se conviver com a incerteza, característica inerente aos processos de criação, em meio à coletividade. E, ao mesmo tempo, o desenvolvimento do processo vai, necessariamente, levando a determinadas tomadas de decisão que envolvem critérios, princípios direcionadores ou teoria daquele cineasta específico. O relato de Carradine fala do cinema de Hollywood. O diretor é visto com uma liderança que convoca para a realização de um projeto, por ele idealizado. Mocarzel e Eliane Caffé, por sua vez, nos trazem outro contexto de produção. A construção do projeto comum envolve a escolha da equipe. No caso do cinema, normalmente, os membros têm funções já pré- definidas e se organizam de forma hierárquica. Carradine mostra como ele passou a fazer parte da equipe de Kill Bill. Foi um processo de envolvimento em um campo de atração por afinidades, com comando definido: um projeto Tarantino, com algumas referências ao produtor. A discussão dos processos de produção no âmbito da complexidade da concretização de projetos em comum traz à tona o fato que a equipe é formada por sujeitos com seus próprios desejos e buscas; daí os relatos de embates, saídas de membros da equipe e até projetos abortados. O caso de Mocarzel, como diretor e propositor do projeto, ele é o responsável pela escolha dos membros da equipe. As cartas para os montadores são feitas em clima de contágio, talvez, como um recurso para motivar a entrada em seu projeto. Os caminhos a serem tomados, depois da filmagem, vão se delineando ao longo das cartas. Os documentários têm montadores diferentes por vários motivos: relação com o projeto específico, disponibilidade de tempo e restrições financeiras. Tudo acontece em meio a um processo colaborativo. Assim, as montagens dos “nossos” filmes acontecerão em meio a uma equipe propositiva, característica de propostas colaborativas. Neste caso, será dado destaque às interações entre as experimentações nas artes cênicas e no cinema. Isto nos leva ao outro aspecto dos processos cinematográficos que será discutido: a escolha dos modos de trabalho, ou seja, as maneiras como se dão as interações entre os membros da equipe. Estamos falando da inter-relação entre diferentes formas de organização e novas possibilidades artísticas. Trata-se de uma chave interessante para discutir alguns processos cinematográficos, pois observamos que a escolha desse modo de trabalho faz parte das decisões tomadas em grupo e, ao mesmo tempo, gera consequências estéticas na materialização dos processos. Os textos de Eliane Caffé e do roteirista Luis Alberto de Abreu, na apresentação da publicação do roteiro de Narradores de Javé, trazem essas questões de modo contundente. Nos casos que serão aqui discutidos, novas teorias de cineastas parecem estar associadas a modos de trabalho mais horizontalizados em ambiente colaborativo. |
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Bibliografia | ABREU, Luis A. de & CAFFÉ, Eliane. Narradores de javé. Col. Aplauso roteiro. São Paulo: Imprensa Oficial, 2004. |