ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Telenovela infantojuvenil: à procura de um conceito |
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Autor | João Paulo Lopes de Meira Hergesel |
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Resumo Expandido | A produção de ficção televisiva infantojuvenil no Brasil ruma a seu septuagenário, mas pesquisas nesse segmento habitam um território pantanoso. Como exemplo disso, ainda existe uma dúvida primária: como definir o que é uma telenovela infantojuvenil? É sinônimo de infantil? Ou de juvenil? É o formato que abrange tanto um público quanto outro? Estudos contemporâneos trazem algumas confusões a esse respeito: em alguns momentos, o termo “infantojuvenil” parece designar tudo que diz respeito aos menores de idade; em outros, é tratado como equivalente a quaisquer produtos direcionados para a infância. No trabalho proposto, objetivamos avançar na construção de um conceito para a telenovela infantojuvenil, explorando o histórico e as características desse formato, de modo interdisciplinar, com o auxílio de teorias advindas da literatura e dos estudos de mídia. Desse modo, propomos a realização de uma pesquisa exploratória e bibliográfica, revisando o estado da arte e desenvolvendo uma exposição crítico-descritiva que contribua para contornar os desafios, especialmente terminológicos, envolvendo este tipo de objeto de estudo. Para isso, utilizou-se primeiramente o método da revisão sistemática e bibliométrica, buscando pelo termo “telenovela infantojuvenil” no Google Acadêmico (HERGESEL, 2020a). Na sequência, fez-se a delimitação do estado da arte, expondo de forma geral seu público e suas tendências (HERGESEL, 2020b). Para este trabalho, avançou-se na revisão teórica, histórica e empírica, cruzando informações registradas em livros, artigos científicos e trabalhos publicados em anais de evento. No âmbito da literatura, Nelly Novaes Coelho (2000, p. 37) caracteriza o “infantojuvenil” como um segmento de consumidores cuja leitura “segue apoiada pela reflexão; a capacidade de concentração aumenta, [...] alargando ou aprofundando seu conhecimento ou percepção do mundo”. Para a autora, nessa faixa etária, centrada na pré-adolescência, “desenvolve-se o pensamento hipotético dedutivo e a consequente capacidade de abstração”. No campo dos estudos de mídia, Juliana Doretto (2018, p. 23) demonstra que o termo “infantojuvenil” também aparece como representativo da fase de transição entre a infância e a adolescência, mesclando esses dois públicos. De acordo com a autora, essa nomenclatura é geralmente atribuída a “leitores com 11 ou 12 anos de idade, que têm mais contato com celulares e tablets e o fazem com maior liberdade do que as crianças menores”. Embora as produções cinematográficas para crianças e adolescentes tenham se tornado objetos de pesquisa para a ciência brasileira – e.g. João Batista Melo (2011), Mirian Ou (2012) e Luciana Alves Rodrigues (2020) – e que os estudos de telenovela tenham se tornado um campo teórico estável – e.g. Maria Immacolata Vassallo de Lopes, Vera da Rocha Resende e Silvia Helena Simões Borelli (2002), Renata Pallottini (2012) e Maria Lourdes Motter (2013) – é notória a carência de teorias, conceitos e análises que se concentrem em telenovelas cujas temáticas são dirigidas prioritariamente ao público que se situa entre a infância e a adolescência. Retomando as ponderações de Nelly Novaes Coelho (2000) e propondo uma transição para os estudos de audiovisual, consideramos que a telenovela infantojuvenil é a narrativa de ficção seriada, pensada para exibição televisiva diária, que enfoca uma ou mais características interessantes a jovens que estão na fase de não se considerarem mais crianças, mas ainda não serem totalmente adolescentes. São exemplos dessas particularidades: presença de heróis e heroínas que lutam pelo que é justo; combinações entre a o apelo à emotividade e o despertar do raciocínio lógico; diálogos relativamente elaborados, ainda que em tom coloquial; identificação com os desafios (sentimentais ou aventurescos) dos personagens inerentes à sua faixa etária; passagens que envolvam mitologia, ficção científica ou investigações; a comunhão da fantasia com o realismo; e a descoberta do amor. |
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Bibliografia | COELHO, N. N. Literatura infantil. São Paulo: Ática, 2000. |