ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Música e imagem, da ascensão à queda: Sarabande em Barry Lyndon |
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Autor | Filipe Jhonata Schettini Azevedo |
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Resumo Expandido | Barry Lyndon (1975) é um filme dirigido, produzido e roteirizado por Stanley Kubrick. A obra possui em sua equipe o maestro Leonard Rosenman, que adaptou e conduziu a maioria das músicas utilizadas no filme, que são composições já existentes da música de concerto. Uma dessas músicas, que é considerada como “tema musical principal” do filme, é a obra “Keyboard suite in D minor (HWV 437)”. Essa peça musical, mais conhecida como “Sarabande in D minor”, foi composta por George Frideric Handel no início do século XVIII, e teve novos arranjos e variações feitas especialmente para o filme de Kubrick. O longa-metragem narra a ascensão e queda do protagonista que dá título à obra, começando o filme como um jovem de família humilde, mas que é um rapaz idealista e apaixonado. No decorrer de uma série de fatos ele se torna um homem rico arrogante, manipulador e sem escrúpulos, até que após sua queda finaliza a obra sendo um homem amargurado, arrependido, vivendo em condições financeiras que lhe possibilitam apenas sobreviver. Durante toda a obra, ouvimos e vemos uma forte interação entre a música e a imagem, entrelace este que constrói a forma e conteúdo do filme. Essa interação entre a arte-mídia música e a arte-mídia imagem sempre teve foco na maior parte da filmografia de Kubrick, mas encontra aqui em Barry Lyndon seu ápice, podendo “rivalizar” apenas com 2001: Uma odisseia no espaço (2001: A space odyssey, 1969). A presente proposta busca analisar essa forte interação entre música e imagem a partir da já citada “Sarabande in D minor”. Por ser o “tema musical principal” do filme e do protagonista, ela sofre diversas variações com a progressão da narrativa. Ela é iniciada de uma forma e é finalizada, nos créditos finais, da mesma forma, tal qual a condição social e financeira de Barry. Ela o acompanha durante seus êxitos na juventude, ela se transforma durante seus duelos, e durante sua maior perda, a morte de seu filho ainda criança, ela muda de tal forma, que carrega em si a transformação do próprio personagem, em sua amargura e arrependimento. No duelo final do protagonista, a Sarabande é variada radicalmente, se tornando quase irreconhecível, assim como Barry. Para além de um paralelo entre o tema musical e a progressão do protagonista, a interação entre a Sarabande e as imagens possuem um vínculo tão potente, que a música não é guiada pelo conteúdo da imagem. No filme de Kubrick, é o oposto que ocorre. A música guia os movimentos dos personagens, a interpretação dos atores, a movimentação da câmera, os cortes e suas continuidades, a atmosfera das situações, a progressão das cenas e das sequencias, entre outros fatores. A música guia a disposição das ferramentas cinematográficas, tomando pra sim um papel de protagonismo na obra. Para analisar tal interação, a presente proposta será executada à luz de uma abordagem interdisciplinar. Compreende-se como abordagem interdisciplinar o aporte em uma bibliografia que reúne textos da teoria do Cinema em interlocução com textos das áreas da Música no cinema, da Filosofia, da Semiologia e da teoria da Intermidialidade. Esta metodologia propiciará um lastro teórico fundamental ao manejo dos conceitos utilizados na análise do objeto investigado, que terão como norteadores maiores os estudos de Gilles Deleuze, Irina Rajewsky, Michel Chion e Christian Metz. Objetiva-se, assim, concluir a apresentação expondo uma pesquisa que analisa em profundidade como um entrelace entre música e imagem permite construir uma sólida narrativa de ascensão e queda, sendo esse último aspecto um dos temas (rumos para quedas) do XXIV ENCONTRO SOCINE, e cuja variação da Sarabande representa tão bem tal derrocada. |
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Bibliografia | CHION, Michel. A audiovisão: som e imagem no cinema. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2011. (Coleção Mi.me.sis arte e espetáculo). |