ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | "Amor de Mãe" e a pandemia: remediações narrativas e estilísticas |
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Autor | Álvaro André Zeini Cruz |
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Resumo Expandido | Ao redor do globo, a pandemia de COVID-19 tem ocasionado mortes e interrompido a normalidade das vidas. A suspensão e readaptação de rotinas pode ser uma realidade tímida e titubeante no Brasil, uma vez que o próprio Presidente da República boicotou medidas de distanciamento social que poderiam auxiliar no controle da pandemia, que, por aqui, continua a avançar a passos largos. Nesse contexto, um “lockdown” bastante específico ocasionou uma circunstância rara na televisão brasileira: a suspensão da produção e da exibição da principal narrativa ficcional do país, a telenovela. Lançada em novembro de 2019, “Amor de Mãe”, novela das 21 horas, entrou num hiato em março de 2020, voltando ao ar com 23 capítulos inéditos um ano depois. Mas a trama, escrita por Manuela Dias e com direção geral de José Luiz Villamarim, não só foi encurtada, como teve que encarar rígidos protocolos de segurança por conta da pandemia, o que impôs novas dinâmicas de gravação. Esta comunicação não objetiva um debate sobre os protocolos propriamente, mas uma análise narrativa e estilística dos capítulos resultados dessa nova rotina de restrições. Assim, o que se propõe é uma discussão da reestruturação da narrativa folhetinesca e da unidade entre mise-en-scène, montagem e som. No que concerne a trama, a reorganização dos plots, a eliminação de personagens, a diminuição das reiterações típicas da telenovela e das cenas preparatórias são aspectos importantes de serem discutidos. Já no campo estilístico, são características marcantes a redução do tempo dos establishing shots e dos planos conjuntos (em prol de campos e contracampos), o uso da encenação em profundidade e das composições em moldura para um intrincamento espacial que distanciava os atores, além da utilização da voz off e do espaço extracampo. A parte estilística da análise – que opera aspectos internos da mise-en-scène como direção de arte, fotografia e atuação – é fundamentada principalmente nos trabalhos de Bordwell (2008; 2013) e Butler (2009; 2010), relacionando o fato de que Butler desloca e amplia o método analítico de Bordwell para o campo televisivo No que diz respeito à construção – e, neste caso, reconstrução – da trama, nomes reconhecidos no campo da teledramaturgia como Balogh (2002), Hamburger (2011; 2015) e Pallottini (2012) dão o aporte teórico a esta análise, que, por fim, recupera e aprofunda questões trazidas pelo autor próprio autor desta apresentação em crítica publicada na ocasião do término da novela “Amor de mãe”. |
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Bibliografia | BALOGH, Anna Maria. O discurso ficcional na TV: sedução e sonho em doses homeopáticas. São Paulo, SP: EDUSP, 2002. |