ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | La grammaire de la grandmère: oralidade como poética cinematográfica |
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Autor | Morgana Gama de Lima |
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Resumo Expandido | No contexto dos cinemas africanos, a tradição oral é apresentada como influência relevante na construção da narrativa fílmica. A começar pelo cineasta senegalês Ousmane Sembène que identificava a si mesmo como griot, outros cineastas depois dele fizeram e fazem referência à tradição oral como uma importante fonte de inspiração para pensar a “gramática” ou a poética narrativa de seus filmes, um deles é Djibril Diop Mambéty. Mesmo com a existência de diferentes escritos sobre o assunto, pretendemos com base na perspectiva metodológica lançada pelas “Teorias dos Cineastas” (AUMONT, 2002; PENAFRIA et al. 2016), refletir sobre a relação entre oralidade e cinema, primeiramente usando como fonte a própria oralidade – os depoimentos e entrevistas concedidas pelo cineasta – seguida de uma breve análise sobre o último longa-metragem realizado por ele, o filme Hyènes (1992). Por fim, através desse percurso busca-se contribuir para o aprofundamento e compreensão das narrativas presentes em filmes realizados por cineastas africanos, mas sobretudo para a incorporação do legado das tradições orais nos estudos teóricos em cinema. A relação entre oralidade e cinema é mais antiga do que se pode imaginar. Mesmo antes do cinema sonoro, período em que a narração e a voz dos próprios atores se tornaram elementos agregadores à produção de sentido da narrativa fílmica, a oralidade acompanhou o cinema durante muitos anos nas chamadas projeções comentadas (Lacasse 2011). Posteriormente, em meados dos anos 1960, quando surgiram os primeiros cineastas africanos, a influência do griot, como um agente transmissor das histórias e memórias de um povo, permaneceu, ora aparecendo na diegese fílmica como um personagem estratégico na condução da narrativa, ora através da narração que associada a instrumentos musicais específicos, encenava na narrativa elementos próprios da performance do griot. Embora o recurso ao comentário e à narração (em voz-over ou voz off), tenham se tornado as formas mais convencionais de discutir a influência da oralidade como parte integrante da narrativa fílmica, buscamos pensar a prática da oralidade, para além do verbo, mas pelo seu potencial de acionar imagens no imaginário e produzir memórias em um processo simultâneo à contação da própria história, neste caso, o desenvolvimento da narrativa fílmica. Essa reflexão tem como fonte o cineasta Djibril Diop Mambéty que em diversas entrevistas ao falar sobre sua própria concepção de cinema, apontava para o imaginário como um aspecto precedente da narrativa. Como se as imagens, antes mesmo de serem organizadas sob a forma de linguagem cinematográfica (narrativa) fossem construídas no imaginário. Uma dessas entrevistas está registrada no curta La grammaire de Grand-mère (1996), dirigido pelo cineasta camaronês Jean-Pierre Bekolo, em que através de um trocadilho entre duas palavras homófonas em francês (grammaire, gramática; grand-mère, avó), Mambéty apresenta sua própria concepção de linguagem cinematográfica e como é possível pensar a poética do cinema sob o viés da oralidade. Anos mais tarde, em outra entrevista cedida a Frank Ukadike (2002), o cineasta chega a afirmar que o cinema teria nascido na África, porque embora os instrumentos sejam europeus, a tradição oral é uma tradição das imagens, porque a palavra dita se encaminha para a imaginação e não apenas para os ouvidos. É com base em tais reflexões que nossa comunicação pretende pensar a própria trajetória do cineasta e suas contribuições teóricas para a poética cinematográfica sob o viés da oralidade. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas, SP: Papirus, 2002. |