ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | CINEMA DE HORROR BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO: PERSPECTIVAS E FRONTEIRAS |
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Autor | Rodrigo Cazes Costa |
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Resumo Expandido | Esta comunicação tem por objetivo investigar, por meio da teoria dos gêneros cinematográficos de ALTMAN (1999), filmes de horror (CARROLL,1999) do cinema brasileiro contemporâneo (penso aqui numa utilização de contemporâneo que aponta para filmes feitos no Brasil a partir dos anos 2000, quando a retomada do cinema brasileiro já havia se estabelecido) e a forma como eles se relacionam com as convenções desse gênero. O ponto de partida é a concepção de PRIMATI (2019) dos filmes de horror e dos filmes de horror brasileiros contemporâneos em dois grupos: o primeiro com filmes muito fiéis às convenções do gênero e seus subgêneros. Esses filmes procuram seguir à risca as convenções genéricas, mirando um circuito de recepção voltado a consumir apenas o filme de horror cuja narrativa não se afaste das convenções genéricas; o segundo, composto por filmes de horror de cunho mais autoral, menos presos às convenções genéricas, feitos por diretores não identificados somente com o gênero horror e seus subgêneros e pensados, enquanto produtos culturais, para circular em um circuito de recepção mais amplo do que aquele destinados somente aos filmes de horror e seus fãs. Esta comunicação examina alguns filmes desse segundo grupo O animal cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2017); As boas maneiras (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2018); Clube dos canibais (Guto parente,2018); M-8, quando a morte socorre a vida (Jefferson De, 2019). Nesse conjunto de filmes, produzidos nos últimos anos, e que poderia ser ampliado para outros títulos, há uma nítida intenção em, por meio da utilização de algumas das convenções do gênero horror, tecer comentários acerca de questões estruturantes da sociedade brasileira. A conexão entre o cinema de horror produzido num contexto social e suas questões que não é nova. A esse respeito COLEMAM (2019) e WOOD (2002) em relação ao cinema de horror produzido nos Estados Unidos. No cinema brasileiro a produção de filmes de horror sempre foi residual e identificada a um cinema popular, de baixa qualidade artística. A velha divisão qualitativa entre cinema industrial, ligado às convenções do gênero e cinema de autor. Aos filmes e cineastas autorais caberia o papel de um cinema “sério”, dedicado a interpretar o Brasil. É uma novidade, portanto, no panorama da historiografia do cinema brasileiro, haver um conjunto de filmes de horror que propõe uma abordagem crítica de questões sociais do Brasil de uma maneira bastante direta e circule por um circuito de exibição destinado ao cinema de autor/arte, sendo, como produtos culturais, filmes de arte. O Festival de Tiradentes, maior reduto da produção autoral do novíssimo cinema brasileiro, exibiu alguns filmes de horror em sua última edição, mostrando como a divisão entre cinema de gênero/industrial e cinema de autor/arte está cada vez mais borrada. A comunicação pretende a partir do exame desse conjunto de filmes, investigar, conforme a metodologia de ALTMAN (1999), como esses filmes se conformam, em relação ao gênero horror, em termos de: fórmula que precede e orienta a produção dos filmes; estrutura narrativa dos filmes; marca dos filmes, que é utilizada pelos distribuidores e exibidores para a venda dos filmes e a recepção dos filmes por parte de público, crítica e academia. As hipóteses a serem testadas são: que esses filmes se apropriam, em maior ou menor grau, de elementos do gênero horror a fim de construir narrativas que buscam, de forma intencional, discutir questões da sociedade brasileira, assumindo um papel que, no Brasil, era destinado, historicamente, aos filmes autorais, sem marcas genéricas claras; que essa produção reflete um modo de pensar a historiografia do cinema brasileiro e mundial por parte dos diretores desses filmes, que não estão mais interessados em divisões e hierarquias entre cinema de autor e cinema de gênero; que talvez seja mais produtivo refletir sobre esse conjunto de filmes enquanto um ciclo de filmes que enquanto um novo gênero de filmes de horror. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Film/Genre. Londres: BFI, 1999. |