ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Estilo e fusão sonora de Christopher Nolan |
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Autor | Ian Costa Cavalcanti |
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Resumo Expandido | A cadeia produtiva do som no cinema se desenvolveu a partir de uma divisão entre edição, mixagem e composição musical. Esta segmentação abarcou nuances de experimentação e replicação de esquemas na consolidação de suas linguagens e de seus grupos expressivos dentro da dimensão sonora, estabelecendo papéis bem definidos ao uso das vozes, ruídos, músicas e silêncios a partir de contextos e problemas que variam do caráter cultural ao status tecnológico. O estilo da música e desenho de som acabou se cruzando em diversos momentos ao longo da história do cinema, unindo composições originais e sons diegéticos, integrando esquemas que, à luz do Paradigma do Problema/Solução (Bordwell, 2008), sanaram questões de representação, expressão ou mesmo orçamentárias, como é possível observar na prática do mikeymousing ou na obra de Ennio Morricone junto aos filmes de Sergio Leone. Observamos que a fusão dos elementos sonoros passou por um processo de continuidade intensificada (CARREIRO, 2018) a partir da consolidação do desenho de som em suporte digital, sobretudo na década de 2000. Um dos expoentes dessa prática é o trabalho conjunto entre o diretor Christopher Nolan, o sound designer Richard King e o compositor Hans Zimmer, em que podemos notar que todas as obras em que o trio atuou em conjunto, houve fusão de elementos da banda sonora, sobretudo dos ruídos e da música. Isto denota não apenas um processo de replicação de esquemas, mas de uma assinatura estilística coletiva, bem como uma possível mudança do processo de construção sonora a partir da parceria do trio, tornando desenho de som e composição organizada entre fronteiras tênues. Esta comunicação tem por objetivo traçar um comparativo entre as instâncias da direção, composição e desenho de som na construção das obras em que o trio Christopher Nolan, Hans Zimmer e Richard King trabalhou em parceria, identificando especificamente o marcador estilístico da fusão entre concepção da obra, composição musical e desenho de som. Este estudo nos comportará um debate acerca do desenho de som contemporâneo a partir de uma possível quebra de paradigma desta cadeia produtiva, o que pretensamente apontamos como tendência de modus operandi. O trabalho deste trio de consagrados profissionais da indústria estadunidense desponta como evidente representante desta prática que estabelece a fusão dos elementos sonoros como forte tendência de estilo para o desenho de som no audiovisual. Este marcador estilístico não é evidente na obra dos integrantes deste trio quando trabalhando fora da parceria. Sabendo ainda que o esquema da fusão de música e ruídos por si só não caracterize uma inovação, as principais contribuições podem partir da observação de como Nolan, Zimmer e King desempenham esta assinatura pelo trabalho conjunto, assim como o resultado conciso vem a ser fruto de concepção e planejamento que permeiem o melhor que a excelência de experientes profissionais do desenho de som e da composição possam trazer, orquestrados a partir da visão conceitual da direção. Esta proposta de comunicação analisará a incidência de fusão entre a música e os ruídos como uma prática estilística no desenho de som das obras em que o trio Christopher Nolan, Hans Zimmer e Richard King trabalharam em conjunto entre os anos de 2008 e 2017. No intuito de propor o referido marcador estilístico como fruto da construção coletiva do trio, por meio da engenharia reversa (CARREIRO, 2011) balizada através das concepções de Opolski (2018) em relação à cadeia produtiva do som no cinema, analisaremos as possíveis contribuições das instâncias da composição, desenho de som e direção para a confluência sonora em questão. Para tanto, escolhemos o filme Dunkirk (2017) como elemento central de análise por entender que este demonstra em grau superlativo a fusão dos elementos sonoros, bem como por ter sido laureado com os principais prêmios do cinema no segmento sonoro em seu ano de lançamento. |
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Bibliografia | BORDWELL, D. Figuras traçadas na luz. Campinas, SP: Papirus, 2008. |