ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | A montagem espiralar em Abjetas 288 |
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Autor | Luzileide Silva |
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Resumo Expandido | Em um Brasil que vem apresentando poucas perspectivas, que não se mostra incomodado com suas desigualdades raciais e sociais, no qual as incertezas e o sentimento de queda se faz a todos os instantes, o cinema roteirizado, produzido e dirigido por pessoas periféricas (negras, indígenas, LGBTQI+) tem aumentado e tem sido cada vez mais comum se deparar com as obras desta nova geração de cineastas em festivais nacionais e internacionais. Normalmente, essas produções contrastam com realizações homogeneizadas, elitizadas e estereotipadas, as quais o mercado cinematográfico brasileiro está acostumado. Em geral, os filmes desses novos realizadores são centrados em pautas identitárias, marcados pela resistência, por princípios periféricos e pela criação de uma nova estética que valorize a diversidade e a pluralidade étnico, regional e religiosa da população brasileira. Estas obras se definem tanto pela presença de corpos periféricos como enunciadores e protagonista da história, quanto por retratarem uma gama de tensões, de relações assimétricas de poder e traumas históricos vivenciados por eles. No curta-metragem Abjetas 288 (2021), essas tensões são apresentados por corpos marginalizados que sobrevivem em um país em queda. Para eles, imaginar um futuro, um presente e um passado já se assemelha a uma ficção, pois para uma população que sofreu múltiplos aniquilamentos culturais e sociais na história contemporânea da humanidade estar vivo é uma questão utópica e/ou distópica. No filme, as incertezas e as assimetrias de um país que se esfacela são apresentadas através das repetições e disrupções imagéticas proporcionadas por uma montagem de gestos circulares que criam deslocamentos temporais e espaciais. A partir dessa lógica de montagem, nos interessa observar como o modelo esférico, aberto a inversão, sem começo nem fim, proposto por Eisenstein, se relaciona com as teorias decoloniais de tempo encruzilhada e espiralar para criar e recriar ideias utópicas ou distópicas de representação e representatividade, princípios periféricos e resistência. |
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Bibliografia | EISENSTEIN, Sergei. A forma do Filme. Apresentação, notas e revisão técnica, Jorge Avelar; tradução, Teresa Ottoni – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. |