ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | A passagem do grupo do Instituto de Cinematografia pelo Brasil |
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Autor | Letícia Gomes de Assis |
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Resumo Expandido | O curso de documentário oferecido pelo Instituto de Cinematografia da Universidad Nacional del Litoral (UNL), em Santa Fé, na Argentina, está entre as primeiras experiências de ensino superior de cinema, no país. O ponto de partida para a articulação da escola de cinema foi um breve seminário oferecido pelo cineasta Fernando Birri, junto ao Instituto Social da universidade em 1956 (AVELLAR, 1995, p.42). A partir dessa experiência inicial, articulou-se a criação do Instituto de Cinematografia sob a direção de Birri em 1957 (ibidem). Aimaretti, Bordigoni e Campo apontam que o cineasta deixou a direção do Instituto em 1962 (2009, p.371), seguindo para o Brasil, acompanhado por sua companheira Carmen Papio, e de um grupo formado por Edgardo Pallero, Dolly Pussi e Manuel Horácio Gimenez, também vinculados ao curso. Para os autores, a intensão de Birri era de preservar as atividades da escola comprometidas pelo contexto de tensões políticas vividas na Argentina naquele período, que envolveram inclusive a censura ao filme Los 40 Cuartos (Juan Oliva, 1962), produzido a partir do curso (idem, p. 388). A fim de identificar os possíveis intercâmbios entre Argentina e Brasil decorrentes desta passagem, neste trabalho, discutiremos o percurso do grupo de integrantes do Instituto de Cinematografia pelo Brasil, entre 1963 e 1964. Para isso, parte das fontes é composta por correspondências, notícias e matérias publicadas em jornais do período. O material levantado nos jornais é em grande parte composto por divulgações de exibições e palestras nas quais o grupo esteve envolvido. Os eventos contavam com sessões dos filmes Tire Dié (Fernando Birri, 1958/1960), intimamente ligado ao processo de formação do Instituto de Cinematografia, e Los Inundados (Fernando Birri, 1962), que contou com a participação de estudantes do curso. Além dos filmes, as palestras também tratavam sobre a experiência do Instituto da UNL. Em paralelo às atividades de difusão, o grupo argentino estabeleceu contatos com personalidades como Alex Viany, Paulo Emílio Salles Gomes, Rudá de Andrade, Thomas Farkas, Vladimir Herzog e Maurice Capovilla. Os dois últimos passaram pelo curso de documentário, em Santa Fé. Depois da partida de Birri do Brasil, em 1964, Pallero, Pussi e Gimenez permaneceram algum tempo no país, atuando nas produções de Farkas (RAMOS, 2008, p.388). Neste sentido, acreditamos que partindo do material reunido, é possível apontar diferentes tipos de intercâmbio que este trânsito proporcionou, a partir de uma perspectiva transnacional. Para o estudo deste tipo circulação, Lusnich propõe a utilização das noções de práticas industriais e textuais (2014, p.102). Entre as práticas industriais, a autora destaca as colaborações artísticas, coproduções e distribuição de filmes entre os países. As práticas textuais são analisadas a partir de aspectos como a recepção sentimental e emotiva dos espectadores e a recepção produtiva, ou seja, aquela proveniente do próprio meio cinematográfico, como a de produtores, diretores e roteiristas. Para transpor essa abordagem ao contexto da passagem do grupo do Instituto de Cinematografia pelo Brasil, propomos pensá-la através de dois eixos: (1) as colaborações que permitiram intercâmbios de técnicas cinematográficas; e (2) do estabelecimento de redes de contato e circulações de textualidades, incluindo aqui filmes e textos. Desse modo, nos concentraremos inicialmente na elaboração de um breve contexto, que dá forma à criação da rede de contatos que possibilitou a vinda da equipe do Instituto da UNL ao Brasil. Discutiremos também as atividades realizadas pelo grupo em São Paulo, a partir da Cinemateca Brasileira. Em seguida, apresentaremos as questões a respeito dos contatos estabelecidos no Rio de Janeiro, que possivelmente refletiram em uma noticiada passagem de Fernando Birri por Recife, ainda em 1963. |
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Bibliografia | AIMARETTI, M.; BORDIGONI, L.; CAMPO, J. La Escuela Documental de Santa Fé: un ciempiés que camina. In: LUSNICH, A. L.; PIEDRAS, P. (Ed.). Una Historia del Cine Político y Social en Argentina (1986-1969). Buenos Aires: Nueva Librería, 2009. p. 359-394. |