ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Ruttman e Eggeling: análise de dois exemplos de música visual |
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Autor | Marcus Vinicius Fainer Bastos |
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Resumo Expandido | O universo da visual music — que especialistas no tema que escrevem em português, como Sergio Basbaum, também chamam de música visual — é muito mais rico que o repertório de análises disponíveis sobre suas principais obras. Apesar de ser específica aos filmes de visual music, a afirmação de Aimee Mollaghan pode ser generalizada para a música visual como um todo, quando ela observa que “[a]o contrário de outros formatos de filme de vanguarda, em que é possível consultar volumes, o tema da visual music no cinema experimental foi sub-representado na história do cinema enquanto uma categoria distinta” . Mesmo com a existência de autores importantes voltados ao tema, como é o caso de William Moritz, a escrita mais sistemática e abrangente sobre o campo passa a acontecer apenas mais recentemente, quando a emergência de práticas como o VJing e o live cinema resultam em uma retomada do interesse na música visual. O conceito de visual music surge como desdobramento da aproximação entre pintura e música na passagem do século 19 ao 20. Em A imagem expandida — sobre a musicalização das artes visuais no século 20, Sandra Naumann aborda o tema no âmbito de quatro tendências a partir das quais ela considera possível rastrear o processo de musicalização das artes visuais, seguido do surgimento de processos de experimentação que buscaram sinergias multimodais entre imagem e som. Para Naumann, essas quatro tendências, que acontecem em momentos distintos ao longo do século 20, são um desvio mimético na representação pictórica; a integração da dimensão musical do tempo nas artes visuais e o uso de métodos composicionais para estruturar o visual; a expansão do visual no espaço; a geração de imagens por meio de improviso e uso de mídias em tempo-real . É claro que são conceitos complexos, que se cruzam e se complementam, mas em linhas mais gerais é possível associar os dois primeiros às obras de artes visuais e pioneiros da visual music que surgem da passagem do século 19 ao 20 até meados da segunda guerra mundial, o terceiro aos anos 1960, com o surgimento do chamado cinema expandido, e o quarto às linguagens ao vivo que aparecem com o surgimento de computadores e programas capazes de executar vídeo em tempo real e promover modificações instantâneas em suas configurações. Este artigo propõe uma análise de duas obras importantes do gênero Lichtspiel Opus 1, de Walter Ruttman, e Symphonie Diagonale, de Victor Eggeling), como forma de contribuir para o aumento de discussões críticas sobre este universo. A proposta esta inserida numa pesquisa mais ampla sobre o campo expandido do audiovisual, desenvolvida nos últimos anos em duas frentes: o cruzamento de conceitos das diferentes tradições de análise do audiovisual, visando formular um campo híbrido; a análise de exemplos relevantes, desde o surgimento dos órgãos de cor aos desdobramentos contemporâneos da performance audiovisual, sempre que possível dando ênfase à produção brasileira na área. O texto será desenvolvido em quatro partes: uma discussão sobre o conceito de música visual, a partir de autores como Naumann, Basbaum e Mollaghan; uma análise detalhada de Lichtspiel Opus 1; uma análise detalhada de Symphonie Diagonale; uma reflexão sobre as consequências de ambas as análises para o entendimento crítico da música visual, assim como para um debate mais amplo sobre os vocabulários críticos que compõe um campo audiovisual expandido em que cinema experimental, videoarte e audiovisual contemporâneo constituem uma trama complexa de montagens com imagem e som alternativas à história tradicional do cinema. |
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Bibliografia | Basbaum, Sergio. Em busca de uma música visual: duas abordagens pioneiras, in: Menotti, |