ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | O RISO, O CINEMA E A CIDADE: GRANDES CLOWNS DO CINEMA DA AMÉRICA LATIN |
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Autor | YANET AGUILERA VIRUEZ FRANKLIN DE MATOS |
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Resumo Expandido | Trata-se de pensar a relação que o cinema da América Latina estabeleceu entre a comédia e a cidade. Especificamente, é uma análise da interação de Mazzaropi, Cantinflas e Grande Otelo com São Paulo e a cidade do México, nos filmes: “Candinho”, de Abílio Pereira de Almeida, 1954; “El bolero de Raquel”, de Miguel, M. Delgado, 1957; e “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, 1969. Em resumo, o objetivo é perceber a resistência dos corpos engraçados e excluídos dos clowns diante destas urbes antropófagas, que estavam em processo de modernização e em vias de se tornarem megalópoles. Dentro da classificação dos clowns em brancos e augustos, nossos três comediantes podem ser considerados fazendo parte dos últimos. Enquanto o branco representa o dever e a repressão (o pai, o professor, o artista, a perfeição, o belo etc. podem ser vistos como da família deste personagem), o augusto por sua vez é o desajeitado que não sucumbe diante da ostentação vaidosa do branco; antes ele é capaz de rir da pretensão dos citadinos. Assim, os excluídos são apenas “povo”, aqueles sobre os quais os “cidadãos”, aparentemente muito mais sabidos, querem exercer o poder de ensinar o que eles consideram correto e o que acreditam que deve ser feito. O augusto vê a lantejoula do branco, mas também vê a vaidade, recusando se tornar um deles. Nossos augustos são exímios comediantes em libertar-se da máscara do inteligente, capazes de se dar o direito de não entender, de não saber, de permanecer com a boca aberta. Estes corpos, propositalmente desajeitados e engraçados, postulam uma filosofia do fracasso e do erro como uma maneira sabiamente alegre de encarar o contato, que pode ser muito duro, com o mundo e com os outros corpos. De modo que, os três personagens encaram as relações humanas, mediadas pelo poder, dentro de um jogo que, apesar de apresentarem forças desiguais, busca um equilíbrio. Diante da cidade, o que podem os corpos do caipira, do engraxate e do índio? Talvez um David engraçado diante de um Golias enlouquecido. Para os nossos comediantes, a cidade é, ao mesmo tempo, lugar de embates, mas também de encontros possíveis. E diante dessa luta desigual que a cidade coloca como inelutável, é possível encontrar parceiros que permitam a esses personagens evitar a opressão, ainda que momentaneamente, sem necessariamente tornarem-se opressores. A metafísica da alegria, postulada pela comédia da América Latina, nos ensina que o riso é um de nossos melhores instrumentos para poder resistir a tanto acosso e violência. |
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Bibliografia | BRANGANÇA, Mauricio de, "Cantinflas e Mazzaropi: um peladito e um caipira no descompasso do bolero e do samba". Dissertação do Departamento de Comunicação, Imagem e Informação, UFF, 2003. https://www.ufrgs.br/infotec/teses-03-04/resumo_1907.html |