ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | O Lugar da Cenografia no Espaço Cênico Televisivo. |
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Autor | flavia yared rocha |
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Resumo Expandido | O presente artigo tem como objetivo investigar o lugar da Cenografia na construção do espaço cênico visual de uma série de dramaturgia na televisão aberta. Veremos que refletir sobre a Direção de Arte na televisão aberta passa impreterivelmente por pensar a produção televisiva sob a perspectiva do trabalho coletivo do qual a Cenografia faz parte atuando segundo características próprias e diferentes do cinema e do teatro. Para este estudo, pretendo analisar a partir da série A Fórmula, exibida em 2017 na TV Globo, como a visualidade de uma obra de audiovisual - no silêncio de palavras - colabora para a construção de uma história. É necessário pensar como o cenário, em sua especificidade, dá subsídios para uma ação na presença da personagem. É preciso entender qual o papel da Cenografia na concepção e realização do espaço cênico televisivo colocando-o a serviço da experiência estética que permeia a imersão do telespectador em um lugar-visual significante essencial para a constituição da obra de audiovisual. O artigo busca explorar a multidisciplinaridade da Cenografia dentro do recorte da televisão aberta, entendendo esta prática como catalizadora de diversas áreas: arquitetura, design, artes visuais, dramaturgia, mobiliário, cinema, comunicação, dentre outras. Entender como a configuração do espaço feita pelo cenógrafo acaba por sugerir enquadramentos, movimentos da câmera, iluminação e como contribui na coreografia da cena. Ao mesmo tempo, ao comparar o papel da Cenografia com o da Direção de Arte, apontar o que ela não considera em suas atribuições, deixando partes importantes da constituição do universo visual para outros departamentos tais como Produção de Arte e Figurino. O estudo pretende refletir como se dá a concepção do espaço cênico visual na televisão aberta na ausência da abordagem unificadora da espacialidade e visualidade da obra que é comumente criada pelo Diretor de Arte. A escolha da série A Fórmula, vem do fato desta série de humor ter na plasticidade das cenas sua grande aposta. Com um espaço cênico visual que deveria estar composto em cores e proporções, a Cenografia precisava dialogar perfeitamente com o Figurino e a Produção de Arte. Um desafio no universo da televisão aberta brasileira uma vez que esta série, a exemplo de muitas, não contemplou o profissional da Direção de Arte na sua equipe. Para percorrer esse caminho será necessário compreender o papel do Diretor, Diretor de Fotografia, Cenógrafo, Figurinista, Produtor de Arte e Caracterizador. É preciso analisar a linguagem dessa forma de representação, dentro de suas características específicas, e identificar relações estabelecidas entre o cenário e os outros elementos de significação do conjunto televisivo. Nesta configuração, como trabalha o tão conhecido tripé artístico? O Diretor do programa televisivo atua como o Diretor de Arte que conhecemos no cinema? O Cenógrafo desempenha essa função? Como se relacionam Cenografia, Figurino, Caracterização e Produção de Arte? Qual o papel de cada uma dessas atividades na composição da visualidade da obra? Qual a origem desta divisão de tarefas? O trabalho dos departamentos de Arte na televisão aberta se resume a interpretar exatamente o que o Diretor quer e solucionar os problemas práticos e técnicos para transformar suas ideias em algo concreto? Existe Direção de Arte na televisão aberta? São questões polemicas que pretendo dar voz neste trabalho. Acredito ser importante romper a barreira que questiona a importância de se pensar o modo de ser e fazer do espaço cênico visual num veículo de comunicação de massa cuja produção tem escala industrial e utilizar esse questionamento a favor da reflexão crítica sobre essa atividade cujas imagens invadem nossas casas há gerações. Por fim, ao entender a capacidade de abrangência das mídias audiovisuais no imaginário dos telespectadores, e verificar a importância do espaço cênico visual na constituição dessa identidade imagética. |
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Bibliografia | BUTRUCE, Débora; BOUILLET, Rodrigo (orgs.). A direção de arte no cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Caixa Cultural, 2017 |