ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Taxonomia lúdica das imagens e políticas de uma pedagogia do cinema |
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Autor | Álvaro Renan José de Brito Alves |
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Resumo Expandido | Durante os meses de outubro a dezembro de 2020, foi ministrada, de forma de remota, a disciplina eletiva "Currículo, Cinema e Educação" para o curso de Pedagogia do Centro de Educação da UFPE. A equipe de professores contou com a professora Dra. Maria Thereza Didier, e os doutorandos Thiago Antunes (Educação) e Álvaro Brito (Comunicação). Esta comunicação procura elaborar as premissas e horizontes político-pedagógicos implicados nas práticas desenvolvidas durante o curso, estruturado fundamentalmente em 3 (três) principais eixos conjugados entre aulas síncronas e assíncronas: a leitura de textos, visualização e discussão de fragmentos de filmes e curtas-metragens, a escrita dos Cadernos de Memória e a realização de um filme-ensaio. O objetivo do curso foi introduzir questões e problemas relativos a debates atuais no encontro entre o Cinema e a Educação, explorar o potencial pedagógico de alguns filmes de caráter ensaístico, bem como promover a formação de professores para o desenvolvimento de sensibilidades e formas de engajamento com o cinema na licenciatura e no trabalho do ensino. Espécie de diário de bordo, os Cadernos de Memória trariam o registro da experiência de aprendizado e descoberta durante a travessia do curso. Especialmente para esta edição, os cadernos puderam ser confeccionados e escritos tanto manualmente, como na forma de plataformas virtuais (blog, instagram etc.), fechados ou abertos para visualização de professores, sob a condição de ficarem disponíveis depois do término da disciplina. Procuraremos mapear e fornecer uma leitura/descrição geral do conteúdo dos cadernos, sem pretensão de esgotá-los ou torná-los homogêneos à interpretação. Em seguida, inspirado na taxonomia dos signos cinematográficos de Deleuze (2018a, 2018b), e por tabela em Didi-Huberman (2013, 2017a) com suas várias formas e modalidades de aparição da imagem, procuramos inventariar/inventar uma classificação lúdica, provisória, dos tipos de imagens (e sons) produzidas por alguns dos filmes realizados. Se concordamos com uma clássica atribuição do filme-ensaio, para a qual a singularidade formal dos filmes deve-se ao fato de que cada filme inventa sua forma (BERGALA, 2000, p.14), o exercício de inventariar os modos de uso e invenção, de aparição e apresentação das imagens, bem como das diferentes vozes ensaísticas, coloca-se como desafio, ao mesmo tempo que aponta caminhos para explorar as formas de legibilidade e visibilidade (Didi-Huberman, 2017b) nas quais reside a hipótese e o potencial de uma pedagogia do olhar e um pensamento por imagens. Nossa taxonomia, de um lado, vem se acrescentar ludicamente aos tipos de imagens de Deleuze (imagem-pulsão, percepção, afecção, ação/imagem-movimento/imagem-tempo etc.), bem como os propostos por Didi-Huberman (imagens-matriz, malícia, combate...); de outro, a taxonomia presta-se ao jogo borgeano dos inventários fantásticos e propõe as “imagens-avó” (que remetem à saudade e à família, a partir da figura da avó); “imagens-rua” (designam as formas de aparição da rua, maneiras de ocupar, intervir e se aventurar no espaço público); “imagens-elemento" (formas de aparição dos elementos naturais, água, ar, fogo e terra); imagens-Méliés (formas de aparição fantástica ou ilusionista da imagem). No cômputo da experiência, acreditamos ser possível elaborar o caráter político subjacente a uma pedagogia do cinema. O filme-ensaio permite o exercício de experimentar, pela montagem, os modos de uso e invenção das imagens: como fazem figurar um “pensamento” ou se prestam a um discurso; como se tornam sensíveis ou apenas informação; como acionam o jogo entre legibilidade, visibilidade e pensamento. De um lado, a prática dos filmes constitui modos de subjetivação que transformam as percepções naturalizadas sobre si e sobre o mundo, de outro, a visualização coletiva dos filmes aparece como o exercício mesmo do jogo democrático pelo qual o campo do sensível é redistribuído (RANCIÈRE, 2018). |
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Bibliografia | BARTHES, R. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2015. |