ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | SOLO: A REALIZAÇÃO DE CINEMA FICCIONAL NARRATIVO POR UMA SÓ PESSOA. |
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Autor | Kelvin Cigognini |
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Resumo Expandido | A proposta do presente estudo é refletir sobre a viabilidade de produzir conteúdo ficcional e narrativo em uma “equipe” composta por apenas um membro. A apresentação de tais reflexões é resultado de uma pesquisa realizada como trabalho de conclusão na especialização em Cinema e Realização Audiovisual na UNOCHAPECÓ. Entender o cinema como arte é consensual na contemporaneidade, entretanto o reconhecimento do sujeito artista e como essa arte se tornou coletiva, demanda a compreensão dos processos que dão origem ao que Cousins (2013) trata por “linha de produção”, em um modelo de cinema industrial. A reflexão mais pertinente neste ponto, diz respeito ao reconhecimento do realizador artista no cinema, contido nas discussões propostas por Aumont (2004), como este sujeito artista ganha e perde autonomia no sistema industrial, as alternativas encontradas em movimentos de vanguarda e inovações tecnológicas que puderam viabilizar práticas com cada vez menos sujeitos envolvidos na realização. O modelo que vem a ser apresentado pelos Lumiére na França é o da exibição do filme com característica documental em uma sala fechada para público pagante, já Meliés traz a ficção fantástica, entretanto o cinema com características mais narrativas é impulsionado de certa forma, conforme aponta Arlindo Machado (2002), por Griffith, que faz a fusão da narrativa documental com a história fictícia. O cinema se espalha pelo mundo e outros países encontram formas economicamente viáveis de se realizar filmes. Com as enormes complicações da Primeira e Segunda Guerra Mundial muitos destes cinemas enfraqueceram, porém o dos EUA continuou se fortalecendo. Entre as duas grandes guerras e após elas, há uma troca entre os estúdios de Hollywood e autores de outras realidades de produção, o que fortalece ainda mais a indústria estadunidense. Expandem-se então as discussões sobre a compreensão da figura do diretor como guia das narrativas, sendo o principal responsável pela coordenação das equipes, neste momento em processo de consolidação. O avanço tecnológico, disponibiliza recursos e equipamentos mais compactos, deixando vanguardas como a Nouvelle Vague, uma grande defensora da figura do autor conforme salienta Bernardet (1994), com espaço para explorar novas possibilidades. O trabalho do documentário acaba sendo um ponto importante para os levantamentos seguintes, visto que o formato possibilita a redução de equipes. O documentário etnográfico, como aponta Molina (2014), acaba sendo beneficiado ainda mais pelas inovações. Avançando no tempo, a busca nos leva até experimentações solo no campo do documentário por Molina em 2014 e Spolidoro em 2013, com trabalhos bem similares em certos aspectos técnicos e de produção, que revelam como a tecnologia pode ser um forte aliado para o modelo. Discutiremos então a utilização de equipamentos que encontram-se em um contexto de uso majoritário na estética do vídeo, porém regressando e propondo a aplicação dos mesmos (com suas características no que diz respeito a qualidade de imagem atualizadas) em uma estética cinematográfica, utilizando as definições de Dubois (2004). Uma “câmera de vídeo” a serviço do cinema solo, contrariando elementos que Arlindo Machado (2004) aponta, baseado na abordagem de André Bazin, na apresentação de “Cinema, Vídeo, Godard”, que podem ser vistos como superados no contexto contemporâneo. Compreendendo o estabelecimento da narrativa, tecnologias e conhecimento disponíveis na contemporaneidade, com o suporte da constatação de Gerbase (2003) de que a forma do filme ou audiovisual não são prejudicadas na sua “essência sígnica” no formato digital; pode ser uma experiência interessante um autor realizar um filme de ficção com estes recursos, sendo ele o único “membro da equipe”. Contudo é inegável que os limites e as possibilidades para tal ainda precisam ser questionados e discutidos, como por exemplo a forma de trabalhar a narrativa, fotografia, som, atuação e todo o processo de pós-produção |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. As Teorias dos Cineastas. Campinas: Papirus, 2004. |