ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Modulações do tempo |
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Autor | Antonio Pacca Fatorelli |
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Resumo Expandido | O sensível seria objeto de uma maquinação? Como a máquina cinematográfica poderia convocar o domínio afectivo do espectador? O dispositivo cinematográfico poderia ser considerado de modo unívoco, a partir do seu modelo hegemônico? Essas indagações ocorrem imediatamente ao observador dessa instalação de Andrés Denegri. Ao invés da penumbra das salas de cinema, a cintilação irregular dos feixes de luz; no lugar do silêncio, o ruído, por vezes estridente, ocasionado pelo avanço da película no projetor; em acréscimo aos estímulos visuais, a convocação do corpo multissensorial; diferentemente da imobilidade, o deslocar-se entre uma e outra tela. Sabemos, por essas variações, tratar-se de um cinema expandido, de uma instalação, de um audiovisual fora dos eixos, em contraposição frontal aos cânones do dispositivo clássico cinematográfico. Um cinema experimental, em diálogo com o fotográfico, que comporta intermitências, paradas, suspensões, dando a ver a precedência material do fotograma no processo de constituição do filme, mas sobretudo, testemunhando as inúmeras afinidades compartilhadas entre as imagens em movimento e as imagens fixas. Uma outra história das mídias emerge no contexto desses atravessamentos. Outros movimentos, outras figuras do tempo, reportadas a diferentes dispositivos imagéticos, de matriz analógica, eletrônica e digital. Encontramo-nos, cada vez mais, na condição de criadores multimídia, envolvidos na produção de imagens em diferentes formatos, fixas e em movimento e os dispositivos digitais de última geração proporcionam, indistintamente, a produção de fotografias e de vídeos. Em acréscimo, novos e instigantes regimes de temporalização da imagem surgem a partir das sobreposições de mídias e de linguagens facultadas pelo digital. Se os híbridos e os múltiplos foram os termos recalcados pelos modernos canônicos permanece frustrante constatar, nas interpretações atuais, a canonização dos híbridos digitais, desta feita emancipados do real, unicamente associados à operações abstratas. Por meio desse outro procedimento de reificação recusa-se, uma vez mais, o potencial desafiador das formações compostas, multiformes ou miscigenadas, proporcionado pelas tecnologias imagética, analógicas ou digitais. Não se trata apenas de reconsiderar a importância dos híbridos em conjunturas anteriores, de modo a reparar a sua reiterada omissão mas, de maneira propositiva, de conceber que a percepção das singularidades processuais e estéticas dos híbridos contemporâneos delineia-se, preferencialmente, uma vez considerados os híbridos modernos e pré-modernos, nas suas diferentes configurações, no interior e fora dos campos da fotografia e do cinema. |
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Bibliografia | . BELLOUR, Raymond. Entre-imagens: foto, cinema, vídeo. Campinas: Papirus, 1997. |