ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Animismo: uma via estético-ecológica do cinema de vanguarda |
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Autor | Lucas de Castro Murari |
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Resumo Expandido | O antropocentrismo é uma concepção em crise. Nas últimas décadas a subjetividade humana vem sendo problematizada de várias formas. Hoje, talvez mais do que nunca, é necessário pensar o mundo como uma grande rede, estabelecendo teias entre os agentes humanos e não humanos. O cinema, por meio de seus inúmeros recursos de criação, anima coisas para fazê-las parecerem dotadas de vida, isto é, os filmes também podem ser agenciamentos que auxiliam a abertura ontológica rumo a diferentes modos de experienciar o mundo. Essa abordagem seria baseada na capacidade do aparato maquínico da câmera de não apenas registrar as coisas como elas são, mas de manifestar sua expressividade latente. Objetos e coisas inanimados passam a ter alma. As imagens, nesse entendimento, são mais do que signos. Na história da teoria do cinema, há uma variedade de interpretações do “animismo cinematográfico”. Dois dos principais cineastas-teóricos da década de 1920 escreveram sobre o assunto. Serguei Eisenstein e Jean Epstein refletiram sobre os modos pelos quais o cinema poderia implantar novas estratégias sensíveis, cujo objetivo era dar forças às imagens. É importante ressaltar que ambos estavam ligados às vanguardas históricas. Essa tradição se desdobrou em outras vertentes artísticas e ligadas ao cinema experimental. Para Edgar Morin, o cinema é o maior discípulo do animismo. Animais, plantas, rochas, nuvens, em suma, o próprio meio ambiente tem sido requerido como intercessor artístico, gerando novos tipos de interação entre sujeito e objeto, uma configuração singular de cinema ecológico. Destacamos dois elementos de destaque do filme experimental: o descentramento do olhar antropocêntrico e a ênfase na experiência fílmica, questões que serão desdobradas ao longo desse estudo. Em outra concepção, o pensamento animista também está presente em muitas culturas e sistemas de crenças, que adotam essa perspectiva como forma de interação recíproca com outras entidades mundanas. Nas últimas décadas os esquemas ontológicos tem sido largamente investigados pelas ciências ditas humanas. O objetivo dessa comunicação é compreender elementos da teoria do cinema e da antropologia a respeito da estética e da cosmologia animista, tomando como parâmetro uma certa tradição do cinema de vanguarda que remonta à década de 1920 e que permanece viva até os dias de hoje. |
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Bibliografia | CASTRO, Teresa; PITROU, Perig; REBECCHI, Marie (dir.) Puissance du végetal et cinéma animiste - La vitalité révélée par la technique. Paris: Les Presses du Réel, 2020. |