ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | A força dos arranjos produtivos regionais a partir da criação do Tecna |
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Autor | Aleteia Selonk |
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Resumo Expandido | Este trabalho pretende demonstrar a importância do estabelecimento de arranjos produtivos regionais para o audiovisual como estratégia de desenvolvimento e de sobrevivência no contexto atual. A pesquisa parte da compreensão da atuação e organização dos agentes regionais e alia-se à uma visão ampliada do espaço audiovisual, considerando não apenas a produção, a distribuição e a exibição, mas incluindo a infraestrutura, a formação e a pesquisa como eixos fundamentais da cadeia produtiva. A proposta evolui a partir do estudo de caso da implantação do Tecna, uma infraestrutura com altos padrões tecnológicos instalada no Estado do Rio Grande do Sul como importante ativo para o arranjo produtivo local gaúcho. O conceito de rede existe desde a mitologia através do imaginário do labirinto, passando pela tecelagem. Evolui na Antiguidade a partir da sua metáfora com o organismo e, posteriormente, com uma visão externa ao organismo, de renda, tecido, até evoluir para algo que pode ser construído, já no século 19. A noção é expandida na medida em que o entendimento de como a conexão entre pontos pode gerar um amplo tecido de sustentação, um rizoma de relações e interdependências, além de uma visão útil para a inovação aberta e a horizontalidade entre os agentes. Desta forma, uma rede conectada por um interesse em comum atua como um arranjo produtivo local. O Tecna, iniciou a sua fase de desenvolvimento em 2011, evoluiu para a etapa de captação de recursos até 2014 e concluiu a sua instalação em 2020. Sediado em Viamão, município vizinho à capital gaúcha, Porto Alegre, faz parte do Tecnopuc, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS. Alicerçado na interação entre universidade, empresa e governo, o projeto resgatou uma antiga demanda histórica dos agentes do setor audiovisual do RS que há décadas reivindicavam por uma infraestrutura que pudesse contribuir para a qualificação de seus processos produtivos e produtos. A experiência da universidade com o Parque Tecnológico, introduziu outras dimensões estratégicas ao projeto como a articulação de negócios em um ecossistema criativo, a valorização da pesquisa como geradora de desenvolvimento e inovação, a expansão da tríplice hélice a partir da participação direta da comunidade/sociedade. O fomento do arranjo produtivo local passou a ter o Tecna como um pilar, com a sua infraestrutura completa para a produção e pós-produção audiovisual – com estúdios de gravação, áreas destinadas à preparação dos projetos, laboratórios de animação, colorimetria de imagens e mixagem de som. Completa os seus ambientes, um laboratório voltado à pesquisa, o Lapav – Laboratório de Pesquisas Audiovisuais, vinculado também ao PPGCOM da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. Os espaços do centro são vocacionados para o uso compartilhado entre estudantes, professores, pesquisadores, profissionais e empreendedores. Interessante analisar a contextualização do RS que, historicamente, ocupa posição de destaque entre os estados mais produtivos do setor audiovisual brasileiro, mas recentemente sentiu os impactos da perda dos talentos locais para os principais polos produtivos do país e do exterior, motivada pela busca por mercados mais competitivos no que se refere à geração de renda, oportunidades e maior penetração dos produtos criativos junto à exibição, comercialização e, consequentemente, às audiências. O setor audiovisual no Brasil vive um dos seus mais críticos momentos de escassez de investimentos e apoios ao seu desenvolvimento. Destacar a importância da regionalização no processo de desenvolvimento das indústrias nacionais não é novidade. No entanto, a aposta no fortalecimento dos ecossistemas criativos e arranjos produtivos regionais pode ser uma chave para a manutenção das estruturas e talentos existentes até que uma posterior fase de recuperação se aproxime. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean Claude. Cinema brasileiro: propostas para uma história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 103 p. |