ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Espetáculos Noturnos: do Fantástico como Ambiência Cinematográfica |
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Autor | Erick Felinto de Oliveira |
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Resumo Expandido | Noção exaustivamente explorada no domínio dos estudos literários, o fantástico ainda se manifesta como categoria híbrida e difícil de precisar. Não obstante as diversas tentativas de assimilá-lo ao instrumental das teorias da narrativa (Todorov, Viegnes), o fantástico insiste em escapar a toda espécie de sistematização exaustiva, ao modo de outros termos sugestivos com os quais entretém íntimas relações, como "imaginário", "maravilhoso", "extraordinário" ou "estranho" (Unheimlich). No cinema, o fantástico emerge como força constitutiva, porém continuamente reprimida pela maioria dos discursos que buscam dar conta de sua história. O objetivo deste trabalho é pensar as possíveis relações que o fantástico mantém com a dimensão do pensamento reflexive e da criação de conceitos. Em outras palavras, trata-se de pensar o fantástico como dispositivo fomentador de uma dimensão filosófica na experiência cinematográfica. Tomando como exemplo e estudo de caso os esquecidos filmes de Marcel Carné, "Les Visiteurs du Soir" (1942), cujo roteiro foi escrito pelo poeta Jacques Prevert, e de Wojciech Has, “Rekopis znaleziony w Saragossie”(1965), pretende-se analisar o estatuto das "imagens fantásticas" no cinema e na literatura, esclarecendo suas conexões com as ideias clássicas do espanto (taumaséin) e a perplexidade filosófica. A proposta central do trabalho é caracterizar o fantástico não como um claro demarcador de gênero, mas sim como uma "ambiência" engendrada pelos recursos possibilitados pelo aparato cinematográfico. No filme de Carné, o fantástico produz no espectador inicialmente uma afecção da ordem do sensível (seus efeitos e imagens engendram "sensações" fantásticas), para em seguida conduzi-lo a uma dimensão reflexiva na qual se propõe questões de ordem moral, existencial e teológica. O mesmo se passa com o trabalho de Wojciech Has. Ambos os filmes serão, assim, caracterizados como obras singulares, na qual identificamos exemplarmente o poder das imagens cinematográficas para encenar as ligações, raramente evidentes, entre as dimensões do maravilhoso (caracterizado tradicionalmente como paixão "corporal") e o reflexivo. Nesse processo, buscar-se-á também situar os filmes em suas relações com o domínio literário (O roteiro de “Visitantes da Noite” foi escrito pelo poeta Jacques Prévert com alguma inspiração no texto medieval de Les Très Riches Heures du duc de Berry, ao passo que “Rekopis znaleziony w Saragossie” foi diretamente baseado no livro de Jan Potocki, Manuscrit trouvé à Saragosse, marco da literatura fantástica europeia). |
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Bibliografia | LUCAS, Gozalo de. Vida secreta de las sombras: imágenes del fantástico en el cine francés. Barcelona: Paidós, 2001. |