ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | QUEBRANDO AS REGRAS DO JOGO – Leitura semiótica da vinheta de abertura |
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Autor | Patricia Machado Fernandes |
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Resumo Expandido | A vinheta de abertura é uma imagem composição, ou seja, resultado de uma composição gráfica com uso de diversos elementos de linguagens e com certa intencionalidade, podendo assumir função documental e função simbólica, ou ter muitas características simultaneamente (PETRINI, 2004 p. 126). Ela visa causar um efeito, encantar e convidar o telespectador a assistir aquele novo produto audiovisual, e para isso é estabelecido uma estética constituída de forte estratégia de visualidade. O estudo sobre a vinheta da telenovela “A Regra do Jogo” busca compreender quais ideias estão contidas ou associadas a esse complexo imagético e sonoro que disponibiliza materiais para análises reflexivas de cunho teórico. Por meio de imagem, utilizando elementos pertencentes ao imaginário cultural coletivo, esta curta apresentação faz o uso do jogo de xadrez para dar uma dimensão do ritmo e da história que será contada nessa novela. Sendo assim se faz necessário compreender a noção do que é um jogo e de porque existem regras para a participação nos mesmos, e principalmente, como ele foi usado como interseção simbólica com o roteiro da obra que estaria sendo apresentada. O tabuleiro de xadrez adotado enquanto espaço cênico, é o palco onde os personagens vão mostrando a cada jogada suas habilidades e competências conquistadas a cada movimento, mesmo que para isso optem por quebrar as regras e papéis pré-estabelecidos. Apesar de um mesmo jogo poder ser praticado com variações, determinadas mudanças em um padrão de regras podem dar origem a novos jogos e a novos significados. Fazendo uma analogia ao ser humano que se desenvolve, o jogo de xadrez não nasce pronto, depende das escolhas de cada jogada para obter o melhor resultado. Na obra analisada podemos ver os questionamentos sugeridos pelo autor sobre quais seriam as regras do jogo da vida, se existem limites entre o bem e o mal, o conceito do que é moral ou imoral e sobre as atitudes arbitrárias usadas no dia a dia para conseguir o resultado esperado. A novela em questão nos apresenta uma realidade paralela, com um Estado particular, no comando de suas próprias batalhas. A metáfora do jogo segue sendo analisada e vemos em Deleuze e Guattari, que o que nos interessa são as passagens e as combinações, nas operações de estriagem, de alisamento. A identificação dos espaços enquanto liso e estriado, onde a luta se transforma reconstituindo novos andamentos, modificando os adversários. (DELEUZE; GUATTARI, 1997 p.189) Na composição do jogo de xadrez existem 16 peças, sendo oito peões, duas torres, dois cavaleiros, dois bispos, uma rainha e um rei. O jogador de xadrez tem sua função e sua representação e existe uma linguagem de comunicação nas conexões entre as diversas peças, trazendo assim algumas mensagens que são elucidadas a partir de seus sinais e símbolos. A análise do jogo de xadrez começa com sua forma física enquanto primeiridade, parte-se das impressões iniciais do objeto até sua caracterização, um tabuleiro e suas peças. O significado do xadrez está sob o domínio da secundidade, onde apresenta-se o ícone, índice e símbolo, dependendo da pessoa que o interpreta como um sinal, conforme seus conhecimentos e cultura. O efeito que o signo produz na mente do intérprete é como a terceiridade interpreta a função do objeto. Sua função está ligada com o ‘para que serve este objeto’, do ponto de vista prático, estético e simbólico: o xadrez, enquanto um jogo de guerra. O jogo de xadrez pode ser entendido como um modelo figurativo que ajuda a pensar a linguagem, um modelo que permite compreender a natureza de um "sistema de signos". Segundo Greimas (GREIMAS, 1979), cada figura se define não pelo que é, mas por seu comportamento, que a distingue das outras. |
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Bibliografia | ANDRADE, Marcelo. A simbologia do xadrez, 2015. |